"Santana!
Mesmo sob sua terra seca a semente resplandecerá e será vida. Pois ainda que seca seja a terra, esta será molhada pelo suor do esforço de mãos unidas." Walney
Reproduzimos abaixo, fragmentos do jornal “Cancela Sertaneja” que circulou na cidade em 1983. Não sabemos precisar quanto tempo durou. Seus integrantes eram basicamente santanenses e amigos que estavam estudando na Capital.
EDITORIAL, da edição publicada no segundo semestre de 1983.
Depois de vários meses, levado a discussão entre nós, membros da direção do Jornal chegamos ao dia tão esperado: o dia do lançamento do primeiro número do nosso jornal CANCELA SERTANEJA.
Foi exatamente no dia 16 do mês passado que, no auditório do Instituto Sagrada Família, fizemos o lançamento do jornal. Participando do acontecimento e nos prestigiando com a sua presença, lá estiveram diversas autoridades locais, professores, estudantes e convidados.
Havendo a apresentação dos membros do jornal e do jornalista responsável pelas nossas edições, abrimos um Fórum de Debates, ouvimos sugestões e palavras de incentivos de todos. E agora, estamos publicando o segundo número, graças a aceitação dos nossos conterrâneos, do comércio local e da classe estudantil.
Por outro prisma, em matéria de cultura e entretenimento, há uma grande responsabilidade de nossa parte a ser cumprida e então, surge a necessidade de se conhecerem os problemas de nossa cultura, no sentido lato da palavra e de entendê-los, de bem interpretá-los, para a garantia da eficácia do nosso objetivo.
Pois bem, o presente trabalho relaciona-se com a realidade de nossa terra, numa preocupação de levar subsídios para a solução de problemas vinculados nossa cidade
Todas as nossas matérias aqui publicadas foram objeto de análise. E o importante é que tivemos o cuidado de colocar o leitor a par dos assuntos mais ligados à nossa comunidade.
É um jornal para todos os santanenses. Por isso mesmo, teria de ser eminentemente prático e sintético, afastado do teorismo elitista e acadêmico que em quase nada tem contribuído para a divulgação de nossa cidade lá fora.
Procuramos, tanto quanto possível, pesquisas, comentários, entrevistas, fotografias, enfim, o que seria imprescindível ao nosso objetivo.
Por outro lado, estamos trazendo à consideração dos nossos leitores, os erros apresentados em nossos textos de reportagens do primeiro número, devido à falta de revisão e aproveitamos para pedir nossas desculpas. Tentaremos corrigir tais erros, a fim de que os mesmos não sejam repetidos noutras edições e procuraremos sempre oferecer o melhor em nossas matérias.
Estamos gratos pelo apoio recebido do comércio local, pelo voto de confiança recebido dos senhores comerciantes anunciantes em nosso jornal. A Rádio Correio do Sertão que tão bem nos acolheu, concedendo-nos entrevistas proporcionando uma melhor divulgação do nosso jornal.
A Prefeitura local, através do Sr. Prefeito do Município, Dr. Isnaldo Bulhões, que encontrou em nós a maior boa vontade em divulgar com independência a nossa cidade. A direção da TV Gazeta, Rádio e Jornal, abrindo espaço para o nosso jornal em seus órgãos de divulgação.
Enfim, a toda sociedade santanense que com a sua confiança em nosso trabalho nos dá condições de prosseguir a nossa caminhada.
Se, de alguma forma, este trabalho for útil, valeu o esforço despendido. O importante é que estejamos contribuindo modestamente para a divulgação cultural de nossa querida Santana.
A Direção
Dívida: Um Problema Genérico e Prioritário Nosso
¹Marcos Francelino dos Santos
Há algumas décadas, as nações faziam propostas de união para lutarem por ideais de grandeza e de bem comum, enfim, um bom futuro para a humanidade.
Passada a Segunda Grande Guerra Mundial, o progresso tecnológico se fez mais constante e acelerado. Os países continuaram a se ajudarem mutuamente.
Esse pretexto de amizade, no entanto, aos poucos foi se enfraquecendo ante as provações e as ambições dos países ricos. Então, viu-se o mundo inteiro diante de uma triste realidade: as nações pobres estavam cheias de dívidas para com as ricas; contingência da própria vida, onde os ricos procuram explorar os pobres.
Hoje essa exploração, esse monopólio se faz de uma forma tão indiscriminada que os países devedores nem sequer podem pagar em dia as suas prestações, e às vezes nem os juros.
Para que se tenha uma ideia dessa situação, a dívida dos países do terceiro mundo, ultimamente, ultrapassa a quantia de Cr$ 700 bilhões de dólares. Desse total, alguns países pagam as suas contas em dia, enquanto outros, sendo este grupo maior e mais crescente, não estão conseguindo pagar dentro do prazo, daí pedirem um reescalonamento no pagamento das suas dívidas, quer aos governos ou às entidades, ambos credores. Esse atraso no pagamento tem crescido muito. Até 1979 tínhamos 17 países em atraso, número esse que pulou, em 1981 para 26 e a tendência é aumentar cada vez mais.
Importante, e triste, é saber que o nosso Brasil está atualmente com um débito de aproximadamente 85 bilhões de dólares, estando dessa forma, incluído, e entre os primeiros lugares, nesta vasta lista de países que não estão conseguindo, pelo menos, pagar seus juros em dia.
Vale ressaltar e esclarecer a falta de planejamento adequado dos nossos governantes diante do quadro crítico em que se encontra o país, que, para surpresa daqueles que só ouvem falar da nossa dívida de uns cinco anos para cá, não tomaram conhecimento de que nosso país assumiu essa posição de devedor não de agora, mas desde 1822, ano de nossa independência, quando teve que pagar 2 milhões de libras a Portugal para que este nos reconhecesse como país independente. Este dinheiro foi emprestado ao Brasil pela Inglaterra.
De lá para cá fomos acumulando débito como este e, de dívida em dívida, chegamos a crise financeira que hoje enfrentamos.
¹O autor da matéria faleceu no início de 1983, portanto não chegou a ver sua publicação.
Naquele ano, aconteceram grandes perdas na sociedade santanense cujos nomes foram citadas na edição. Em 14.08.1983, faleceu o jovem Cheops Rego de Miranda vítima de acidente automobilístico. Foi publicada uma nota assinada pelo diretor Walney.
No exemplar também noticiou a Festa da Juventude, fundada em 1959 em sua 24ª edição com a lista dos vencedores das disputas esportivas, bem como a eleição da "Rainha da Juventude", tendo como vencedora a jovem Ísis Salgueiro de Araújo.
Noticiou também os festejos a padroeira Senhora Sant'Ana sem o padre Luiz Cirilo Silva que faleceu no final de 1982. As celebrações foram conduzidas pelo substituto o padre José Nascimento.
Não faltou também o momento poético e os comerciais dos patrocinadores.
Agosto, 2024
Tentando fazer um comentário mas,sem conseguir... Que beleza de resgate, João. Ainda lendo e já comentando. Muito legal mesmo! Parabéns, amigo.
ResponderExcluirMais um excelente resgate da história santanense.
ResponderExcluirResgate histórico do jornal A Cancela Sertaneja..
ResponderExcluirParabéns, João de Liô !!
Parabéns Xará!
ResponderExcluirBelo e importante resgate...
Apesar de não lembrar do Jornal (em 1977 fiz 8ª série no Colégio Estadual-período em que tinha contato com esse pessoal, 78 a 80, fui para a Escola Agrícola em Satuba e, em 1983, já em Maceió, fazia o 2⁰ ano na Universidade), conheci e conheço, muito bem, os personagens.
Um abraço
João Neto Oliveira