Os sertões em júbilo

 





A religiosidade é marca identitária dos santanenses desde os tempos remotos quando evoluiu o povoado de um arraial de indígenas e mestiços nas terras da ribeira do Ipanema. A consistência do seu desenvolvimento teve como fundamento a construção da capela em honra a Sant’Ana e São Joaquim, pais da Virgem Maria, cujo dia da festa é celebrado em 26 de Julho, dia dos avós.

Sant'Ana, cujo nome em hebraico significa “graça”, pertencia à família do sacerdote Aarão. Seu marido, Joaquim, pertencia à família real de Davi, porém foi censurado pelo sacerdote Rúben por não ter filhos. Sant’Ana já era idosa e estéril. Confiando no poder divino, São Joaquim retirou-se ao deserto para rezar e fazer penitência. Ali um anjo do Senhor lhe apareceu, dizendo que Deus havia ouvido suas preces. Tendo voltado ao lar, o casal se encontra à porta dourada de Jerusalém e, algum tempo depois, Sant’Ana ficou grávida. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade levaram-lhes ao prêmio de ter por filha aquela que havia de ser a Mãe de Jesus.


Foto: Imagem peregrina de Nossa Senhora do Rosário de Fátima em 1952
Fonte: Não identificada. Acervo digital.



Foi o missionário padre Francisco José Correia de Albuquerque(1757-1848) quem trouxe as imagens dos santos padroeiros, a pedido de dona Ana Teresa, esposa de Martinho Rodrigues Gaia para entronização na capela construída em suas terras, num ponto elevado, próximo à foz do riacho Camoxinga. Com as bênçãos da Avó da Bondade, não havia outro rumo ao povo sertanejo senão a prosperidade.


Foto da Recepção da imagem peregrina na capela de N. Sra. Assunção em 1952
Fonte: Acervo Darras Noya/João Neto

Dentre tantos eventos significativos da história religiosa, um deles se destaca: Em 1952, a imagem peregrina de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, oriunda de Portugal viajou mais de 5 mil quilômetros ao Brasil percorrendo vários estados e cidades, dentre elas Santana do Ipanema e Mata Grande, conforme declarou o escritor Djalma Carvalho que fez parte da multidão que a aguardava na Praça do Monumento, defronte à capela de Nossa Senhora da Assunção. Com grandiosa recepção chegou a imagem peregrina que já vinha percorrendo as nações católicas para difundir a mensagem de oração e penitência revelada em 1917, pela Virgem Santíssima em Fátima, aos três pastorinhos. Após a recepção inicial na capela, a multidão se dirigiu em procissão à Matriz de Senhora Santana, onde foi celebrada a missa em grande júbilo pelos padres Luiz Cirilo Silva(1915-1982) e Fernando Medeiros(1910-1984).


Foto: Missa na Igreja Matriz de Senhora Santana em 1952
Fonte: Acervo Darras Noya/João Neto


Relatou Djalma Carvalho que após a recepção, viajou em ônibus com seu pai, acompanhando a comitiva a Mata Grande onde também estava sendo aguardada. O principal objetivo da viagem foi fortalecer o culto devocional a uma das invocações à Virgem Maria mais populares que teve origem nas aparições às crianças no lugar da Cova da Iria, em Fátima, Portugal, de 13 de maio a 13 de outubro de 1917, celebrando os 35 anos das aparições.



Foto: Altar colateral demolido na reforma de 1982
Fonte: não identificada. Acervo digital


Até 1982, quando a Igreja Matriz de Senhora Santana foi reformada em virtude do desabamento da nave central em decorrência do desmoronamento de uma das colunas de sustentação, havia um altar colateral que era dedicado a Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Que a família Santa; Senhora Santana, São Joaquim e a Virgem Santíssima do Rosário continuem nos abençoando e derramando graças mil sobre os sertões.


Maio, 2024

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