Arapiraca, o folclore através do tempo

 



Feira de Arapiraca


Zezito Guedes

*Publicado originalmente no Boletim Alagoano do Folclore, nº 11, 1987.

O município de Arapiraca, mesmo constituindo uma comunidade relativamente nova, já teve em épocas passadas um bom celeiro de manifestações populares.

Ainda na década de 1920, pontificaram na zona rural e nas feiras, os emboladores de coco Né da Tumba, João Rosa, Mané Brigídio, Mané Preto, Tinho Deodato, Mané Fulô e mais adiante Alfredo Maria, Enoque e Etelvino. Vicente Cazuza acompanhava o seu Guerreiro tocando rabeca.

Nos anos 1930 Mestre Tota ensaiou seu famoso reisado que marcou época e ainda hoje é lembrado; Domingos Mota introduziu as suas famosas cavalhadas na Av. Rio Branco, afastando-se quando a idade não mais permitiu.

Do Alto da Rodagem (atual Rua Marechal Deodoro) descia periodicamente o Quilombo do Lídio, que percorria as ruas centrais fazendo evoluções com uma rainha no trono. O veterano Calila apresentava o seu tradicional “Batalhão de João Horácio” na Sexta-feira da Paixão com a participação dos rapazes da época; essa manifestação foi extinta no início dos anos 1960.





Zezito Guedes, artista, folclorista, professor e historiador, é o autor do livro “Arapiraca Através do Tempo” cuja primeira edição de 1999 esgotou rapidamente. Nos anos seguintes, republicar a obra se tornou um sonho do escritor diante da constante procura do livro pelo público. A  Editora da Universidade Estadual de Alagoas (Eduneal) publicou a segunda edição em 2021.

O diretor da Eduneal, Renildo Ribeiro, destacou que a nova edição contou com a colaboração da família de Zezito Guedes que forneceu um exemplar da obra que foi redigitado e revisado. “A sugestão desta publicação partiu da bibliotecária Wilma Nóbrega. Com o aval do reitor da Uneal, Odilon Máximo, iniciamos a produção. Para nós, da Eduneal, foi uma grande honra presentear os leitores com a segunda edição. Nossa pretensão é também lançar uma nova edição do livro “Cantigas das Destaladeiras de Fumo” também redigida por Zezito Guedes”, afirmou Renildo Ribeiro.

Paraibano de nascimento e arapiraquense de coração e alma, José Gomes Pereira, popularmente conhecido como Zezito Guedes, chegou a Arapiraca, aos seis anos de idade. Trabalhou como protético no Centro da cidade, embora nutrisse uma grande paixão por história e cultura e também atuou como escultor e escritor.

Os registros das histórias que escutava em seu ateliê foram transformadas em crônicas que apresentam um retrato de Arapiraca desde a chegada dos fundadores, em 1848, os feitos ocorridas na terra Agrestina e o perfil biográfico de personalidades que marcaram a história da cidade até a década de 1980.

A segunda edição conta com prefácio do professor doutor da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Sávio de Almeida.

Uma curiosidade sobre seu nome artístico é a ligação com o escritor Ariano Suassuna. “A família materna é dos Guedes do Recife e o chamavam de Zezito desde pequeno. Como Ariano conhecia parte da família do Recife, passou a chamá-lo de Zezito Guedes, escultor, escritor e folclorista”, contou o filho Ed Charlton Oliveira Gomes.

O lançamento teve o apoio da Pró-Reitoria de Extensão da Uneal (Proext) e da Academia Arapiraquense de Letras (ACALA). “Gostaria de agradecer, em nome dele (Zezito Guedes) e de nossa família, à Uneal e à Acala pela homenagem, destacou Ed Charlton Gomes."

Zezito Guedes é Patrimônio Vivo da Cultura Alagoana. Em Arapiraca, o Museu Zezito Guedes homenageia sua contribuição pelo registro e valorização da história e da cultura do povo arapiraquense.

Na solenidade de lançamento da segunda edição de sua obra, Zezito Guedes, que sofre da doença de Alzheimer, foi representado por seus filhos.

Comentários

  1. Grande comentário sobre segunda edição do livro de Zezito Guedes..
    Parabéns, Xará!!

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