"Domingos Annunziato Litrento nasceu em Maceió no dia 13.10.1938, mas adotou o nome artístico de Roberto Beckér quando começou a fazer sucesso como cantor e compositor nos anos 50.
Segundo o advogado Pelópidas Argolo, Beckér sempre foi muito brincalhão, o que lhe fez cumprir várias detenções enquanto serviam ao Exército em 1958.
“Jogamos no Juvenil do Deodoro – éramos goleiros – eu, o titular, ele o reserva. Sempre foi alegre, descontraído, não guardava mágoa de ninguém”, lembra Pelópidas, que depois foi goleiro titular do CRB por vários anos.
Como artista, o seu primeiro sucesso foi o frevo “De bandinha“, que no início dos anos 60 era a música de carnaval mais executada nas rádios de Alagoas. Ainda na década de 60, foi morar na cidade de Rondon, no Paraná.
Por lá também fez história. O hino do município tem a letra de Primo Mangialardo e Jaçanã Fragoso Veras — e a melodia de Roberto Beckér. Ainda no Paraná compôs outro grande sucesso: “Sanauá“, em parceria com Fernando Barros.
No ano de 1970, de volta a Maceió, formam o grupo “Os Golden Lions” e gravam um compacto duplo independente pela Rozemblit, em Recife. Desse disco, a música mais conhecida é “Distante de Maceió”. Roberto Beckér morou alguns anos no Paraná.
Eclética, sua obra tinha mais de 1.000 músicas, destacando-se as marchinhas, serestas e forros. O cedê “Duas Faces” é uma mostra da versatilidade do artista, apresentando vários ritmos populares, misturando forrós com merengues, sem esquecer das românticas, lembrada em “Seresteiro Apaixonado“. Sua música mais conhecida deste disco é “Ruas de Maceió”. Outros sucessos seus foram: Sonhava, Dor da Paixão, Homenagem ao “Rei do Baião” e Fricó Forró.
Também musicou poemas de autores reconhecidos como: Jorge de Lima, Augusto dos Anjos, Lêdo Ivo, Oliveiros Litrento, entre outros. Oliveira Litrento era seu irmão. Sua incursão pelos hinos quando ainda morava no Paraná levaram-no a produzir obras que passaram a ser hinos em vários municípios alagoanos, a exemplo de Dois Riachos, Santana do Mundaú e Joaquim Gomes.
Autor de mais de mil músicas, Roberto Beckér reclamava das rádios em Alagoas por não tocarem suas músicas. Nos anos 70, resolveu enveredar pela política e se candidatou a vereador em Maceió. Fez uma bela campanha pedindo votos para Roberto Beckér. Faltando poucos dias para o pleito foi informado que na cédula de votação apareceria o seu nome de batismo: Domingos Litrento.
Percebendo o erro que cometera, tentou consertar utilizando, como sempre, o bom humor. “O seu candidato é Roberto Beckér, mas vote no Domingos“, tentando associar o seu verdadeiro nome ao dia da votação, um domingo. Não deu certo. Sua orientação não chegou a tempo aos seus eleitores.
Comunicador experiente, teve uma rápida passagem pela televisão alagoana apresentando um programa musical nos anos 80. Antes, era frequentador assíduo do Programa Sábado Maior, apresentado por Luiz Tojal e produzido por Everardo Sena, como lembra Massilon Silva.
O jornalista Érico Abreu recorda de uma conversa com Beckér em Pão de Açúcar, quando ele confirmou serem verdadeiras algumas histórias que contavam a seu respeito. Além da ousadia de soltar uma galinha durante a exibição de um filme no Cine São Luiz, também teve a coragem de entrar nu, embaixo de uma capa, no mesmo cinema.
Ainda segundo Érico Abreu, em outra história, Beckér chegou ao Cine São Luiz e a fila era imensa. Armou uma cara séria e saiu conversando com os amigos e dizendo que acabara de saber que uma baleia estava encalhada na Praia da Avenida.
A notícia foi se espalhando e muita gente resolveu trocar de espetáculo. Em alguns minutos, Beckér estava praticamente sozinho na fila. Percebendo que a sessão de cinema seria esvaziada, sem a plateia que ele queria para suas brincadeiras, falou alto para um senhor que estava à sua frente: “Acho que eu também vou ver essa baleia encalhada”, e seguiu pela Rua do Comércio.
Inconformado com a falta de divulgação de suas músicas nas rádios em Alagoas, Beckér foi morar em Aracajú, Sergipe. Lá encontra uma antiga paixão da juventude, Lourdes, que o faz fixar residência naquela capital.Até a sua morte, percorreu Sergipe apresentando seus shows. Como retribuição à acolhida que recebeu, compôs 75 músicas em homenagem a cada um dos municípios sergipanos.
Roberto Beckér faleceu no dia 01.04.2012, quando tinha 73 anos de idade. Estava internado em um hospital de Aracaju com infecção generalizada. O seu corpo foi transportado para Maceió, sendo velado e sepultado no Parque das Flores."
Roberto Beckér, entre muitas canções compôs “Comida Típica”, onde homenageia Santana do Ipanema, referindo-se ao prato típico “cagada”, um cozido de carne de cágado ao leite de coco. Aliás, a palavra passou por atualização semântica para “cagadada” para designar comida típica do réptil. A canção foi lançada em 1985 no elepê “A Tereza Minha Filha”.
O artista foi a Santana várias vezes convidado por bancários do Banco do Brasil. Leva-se a crer que foram viagens patrocinadas por conterrâneos quando estavam atuando em Maceió, visto que não conseguimos identificar exatamente quem foi. De todo modo, ficou o registro fonográfico para comprovar a façanha.
Destacamos que a única forma de possuir um animal silvestre legalizado é adquirir o animal de um criadouro ou estabelecimento comercial autorizado pelo Ibama ou pelo órgão estadual competente.
Música “Comida Típica” (Clique para ouvir) A partir de 08min37, 5ª faixa do elepê.
Fui convidado pelo gerente do Banco de Santana do Ipanema
Pra comer uma cagada
Que presepada eu por fora meio cabreiro
Sem saber do bom tempero
Muito melhor que buchada
E aceite, mas pensando que era prosa
Menino como e gostosa
Só quem come pra saber
Veja você preparado por bancário
Esse prato milionário o Brasil vai conhecer
Vou escrever pra revistas atuantes
Televisão, restaurante a receita a três por dois.
E um mês depois o Brasil aprova o tema
Todo mundo quer cagada de Santana do Ipanema
Março, 2023
Fonte: http://www.historiadealagoas.com.br/
Boa noite Xará!
ResponderExcluirParabéns...
Registro Esclarecedor, regado de pitadas de humor... Ficou leve e gostoso de ler...
João Neto Oliveira
Valeu, grato!
ExcluirBoas lembranças do Roberto Becker. Histórias que a gente não conhece. Valeu!
ResponderExcluirValeu, Joselito!
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