Dediquei vários minutos de silêncio a Pelé em reverência ao seu legado. Merecia muito mais. Sem dúvida, nenhum outro brasileiro foi tão bem sucedido, reconhecido e respeitado mundo afora quanto ele. Unanimidade como esportista, profissional e cidadão. Como ninguém é perfeito, envolveu-se em várias polêmicas por se recusar a assumir a paternidade de filhos extraconjugais. Bom, isso é outra história! Todos temos defeitos e limitações. É fato! Seu erros não invalidam sua trajetória luminosa e extraordinária!
Sua morte fez-me refletir e voltar no tempo à final da Copa do Mundo de futebol no México, há mais de 50 anos, no dia 21.06.1970, no estádio Azteca, na Cidade do México. Foi a primeira e última partida(e eu não sabia) que o vi jogar com a camisa da seleção brasileira numa Copa do Mundo. Partida que assisti ao vivo, na tevê em cores na casa de seu Petrúcio, amigo da família, que era eletrotécnico e tinha uma oficina para conserto de aparelhos elétricos. As tevês eram novidades e a televisão em cores um luxo. Assistimos à partida final na casa dele, na rua Benedito Melo; eu, meu pai (deficiente visual) e o meu irmão Leonilton.
Foi memorável. Tanto é que nunca esqueci os detalhes principais: Final da Copa do Mundo. Foi demais, uma partida fantástica: Brasil e Itália. Um jogo espetacular para o Brasil. Pelé fez o primeiro gol de cabeça, fez uma assistência de cabeça para o terceiro gol de Jairzinho e deu o passe magistral e icônico na grande área para o chute indefensável de Carlos Alberto, fechando a goleada. O Brasil sagrou-se tricampeão mundial de futebol, vencendo a Itália por 4 x 1.
Naquela época nossa cidade já tinha fama de ter bons jogadores de futebol. O Ipanema tinha sido campeão do interior. Todo moleque queria jogar futebol, o esporte das multidões. Na urbe só havia duas quadras de futebol de salão; uma cimentada na AABB, que era desconhecida pra mim, e outra de barro no Colégio Estadual Professor Deraldo Campos, atual Mileno Ferreira. Nós, os garotos da rua jogávamos no calçamento mesmo, à noite, de pés descalços, quando tudo ficava mais calmo. Aqui, acolá os pés ficavam estropiados, fazia parte. Ou então, às margens do rio Ipanema nos areões que se formavam após as cheias, quando nossos pais deixavam. Eu sempre gostei de futebol, embora minha trajetória e desenvoltura no esporte até os tempos atuais, tenha merecido, na melhor das hipóteses, o reconhecimento de “jogador esforçado”.
É claro que os meninos da minha geração não tinham a clara noção da importância de Pelé para o esporte, Brasil e o mundo. O rádio era o principal veículo de comunicação cujo acesso pela garotada era restrito, dependia totalmente dos adultos. Eu fui um privilegiado que pude ver o mágico do futebol enfeitiçando a todos com a sua arte.
Em 1980, Pelé foi eleito “Atleta do Século 20” pelo jornal francês L'Equipe, em votação de jornalistas. O atacante brasileiro foi o maior campeão de Copas do Mundo na história da competição. O Rei do futebol conquistou três títulos (Suécia 1958, Chile 1962 e México 1970, sendo o primeiro deles com apenas 17 anos de idade. Ainda viu, em vida, a seleção brasileira conquistar mais dois títulos 1994 e 2002) e se tornar pentacampeã mundial. Edson Arantes do Nascimento (1940-2022), o eterno rei do futebol, faleceu aos 82 anos no dia 29.12.2022. A maior personalidade brasileira de todos os tempos. O mundo inteiro prestou-lhe homenagens.
“O jogo a que Pelé se dedicou foi diferente: o de dar alegria ao mundo e fazer com que os outros homens se sintam meninos” Encontro marcado com Pelé. Fernando Sabino, Revista Manchete, novembro de 1969.
Janeiro, 2023
Sensacional, João Neto. Muito bem lembrado.
ResponderExcluirTodos queríamos ser "Pelé" quando brincávamos de "Bola". Linda história de esportista.
ResponderExcluirBela homenagem ao gênio da raça, ao maior brasileiro de todos os tempos.
ResponderExcluirBem lembrado e oportuno o seu relato, João de Liô!
ResponderExcluirParabéns!