No Banco do Brasil tinha até bancários

 

Foto: Zezinho Fotógrafo


Homenagem à família Barradas



O Banco do Brasil foi inaugurado em Santana do Ipanema em 08.03.1953. Na cerimônia estiveram presentes o Padre Cirilo(1915-1982), Governador Arnon de Melo (1911-1983), o Prefeito Adeildo Nepomuceno Marques(1918-1978) e o primeiro gerente, Aloísio Costa Melo(1919-1998)(clique para conhecer). Depois dele, tantos outros vieram até chegar a vez do senhor Ilo Lins Barradas(1919-2000), recifense, que administrou no período de 1965 a 1967. Naqueles anos a agência já estava instalada no novo endereço onde atualmente funciona, na avenida Dr Arsênio Moreira.

Os bancários sempre tiveram fama de farristas e a música arte essencial para abrilhantar encontros e celebrações. Tanto que a AABB e o Tênis Clube mantinham os seus pianos afinados sempre prontos para serem percutidos. Tudo vibrava fortemente. Acordes agasalhavam vozes que alçavam o ar traduzindo sonhos, lamentos e esperança. Dos músicos, o que menos importava era a destreza. No Banco do Brasil tinha até bancários, diz o cronista e bancário aposentado Hayton Rocha.

Seu Barradas, acervo da família


O casal Ilo Lins Barradas(1919-2000) e Luci Cavalcanti Barradas(1921-2021) chegou a Santana do Ipanema com a sua numerosa prole, 07 filhos: Roberto, Mirtes, Eliane, Fernando, Cleide, Diva e Eneida. Para a alegria da sociedade, o gerente festeiro cantava e tocava violão. O primogênito, Roberto, aprendera a tocar com o pai. Nas festas promovidas pela família a performance do duo era atração à parte e certamente influenciou o filho na opção pela carreira artística.

Para integrar a equipe vinham servidores de diversos lugares. As transferências eram difíceis, principalmente para as capitais. Além disso, quem chegava era facilmente cativado pelos santanenses, receptivos e acolhedores. Beber água salobra do Ipanema era a poção rejuvenescedora das amizades duradouras. Muitos namoraram santanenses, casaram e ficaram. Outros paqueravam as filhas do gerente…

Capiá revelou que o grande amigo e contemporâneo Ricardo Leão, maceioense circunspecto de família tradicional foi um desses que conquistou o coração de uma das filhas de seu Barradas. Porém, com a transferência do gerente penou com a separação.

Cerimônia de entrega do título de cidadão
Acervo da família

Pelos trabalhos realizados, Seu Barradas recebeu título de cidadão honorário de Santana do Ipanema por iniciativa do vereador Everaldo Noia(1928-2008). Após a missão, foi transferido para a cidade de Vitória de Santo Antão, no vizinho estado de Pernambuco. Trabalhou também no estado da Paraíba.

Para o santanense, por adoção, Ricardo nada restou senão conter os sentimentos, trabalhar com afinco e aguardar pacientemente até conseguir sua transferência para Recife, onde morava a família Barradas. E assim o universo conspirou para juntar novamente os enamorados até o enlace matrimonial. Juntos para sempre. Viva o amor!

De pai para filho


Roberto, aos sete anos de idade, na cidade de Caruaru, já revelava suas habilidades de comunicador. Participou de um programa da rádio difusora local onde Rui Cabral era o locutor. No Recife, na década de 1960, era de ouro da televisão, já se apresentava em diversos programas de destaque como: "Você faz o show", no canal 2, com Fernando Castelão, e "Noite de Black-tie", com Luiz Geraldo.

Em 1971, Roberto Barradas defendeu Pernambuco em São Paulo (SP) no programa de Sílvio Santos, na disputa entre estados, ficando com a expressiva segunda colocação. Contratado por Sílvio Santos, apresentava-se em um quadro do programa "Os galãs cantam e dançam".

Em 1972, o cantor e locutor sediou-se no Rio de Janeiro (RJ), sendo contratado pela gravadora CID. Gravou por ela seu primeiro disco simples, que chegou ao sétimo lugar nas paradas de sucesso da época, com a música "Bom Demais Para Durar", (Clique para ouvir) uma versão de Rossini Pinto. O lançamento de seu primeiro compacto fez parte dos programas de Chacrinha, Silvio Santos, Aroldo Andrade, Airton Rodrigues e Aerton Perlingero.

Em 1973, Roberto Barradas lançou seu segundo compacto, com as músicas "É Impossível Esquecer Um Grande Amor" e "Nem O Tempo Apagou". As músicas foram editadas em castelhano para a Argentina, pelo selo Music Hall, que também figurou em elepê de sucesso na Argentina e no Uruguai. No mesmo ano, lançou seu terceiro compacto, que trazia as músicas "Essa Noite Não Se Ri e Não Se Dança" e "Vem". No ano de 1974, o cantor lançou seu quarto compacto, com "Triste Ilusão" e "Que Seja Assim", ambas de sua autoria.




Em 1975, lançou seu primeiro elepê, pela gravadora CID. No ano de 1976, foi contratado pela gravadora Continental, selo pelo qual lançou as faixas "Fotos e Imagens" e "O Cego", cuja música foi tema de uma novela da Rádio Tupi.

Entre 1975 e 1978, período em que atuei como menor aprendiz no Banco do Brasil de Santana do Ipanema, influenciado pelos colegas amantes da música, adquiri o elepê do cantor e não mais me esqueci das referências da família nas terras santanenses. Trabalho musical de alto nível, equiparando-se aos grandes artistas da época, com o destaque primoroso da canção “Bom demais para durar”. Música inesquecível.

Na década de 1990, participando da Jesab-Jornada Estadual Esportiva de AABB por Santana, na AABB Maceió, tivemos a satisfação de assistir à apresentação do artista que, inclusive, fez uma homenagem a Santana do Ipanema, relembrando os momentos de vivência da família no sertão. Foi um momento marcante e emocionante. Sentimo-nos honrados.

Roberto Barradas exerceu também a função de radialista locutor, tendo trabalhado em várias emissoras de rádio: Rádio Capibaribe (1980); Rádio Tamandaré (1982); Rádio Caetés LTDA (1983); Televisão Verdes Mares LTDA (atual Rádio Recife FM) (1986); Rádio monumento FM LTDA (atual Rádio JC FM) (1990); Rádio Olinda de Pernambuco LTDA (1992); Fundação Oscar Moreira Pinto (atual 107 FM) (1994); Televisão Verdes Mares LTDA (atual Rádio Recife FM) (1994) e Rádio Monumento FM LTDA (atual Rádio JC FM) (1995).

Foi laureado como "Melhor Comunicador" nos anos de: 1986, 1990, 1991, 1994 e 1995. Em 2006 recebeu o título de cidadão Paulistense da prefeitura do Paulista, Pernambuco, pelo projeto do vereador Josemir. Gravou 7 cedês de forma independente, no período de 2000 a 2016.

Ainda jovem casou-se com Hesigleide Valle Barradas, tendo 3 filhos, dois meninos e uma menina.

Em dois livros didáticos seu nome consta dentre os Pernambucanos ilustres:

Livro: "Meu Estado Pernambucano", estudos sociais,Editora Scipione, Autor: Josete C. de Lucena e Marlene Ordonez.


Livro: "Geografia de Pernambucano", Editora FDT, Autor: Celia Siebest.


Assista às entrevistas do artista:

Parte I, (clique)

Parte II, (clique)

“Aqueles que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” Exupèry


Outubro, 2022

Comentários

  1. Obrigado pela menção, mas a frase “no BB tinha até bancários” é de autoria desconhecida. Daquelas que a gente ouvia nos corredores do extinto Desed, refletia um pouco e dizia consigo mesmo: faz sentido!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. O “anônimo” titular do comentário acima sou eu.

      Excluir
    2. Obrigado Hayton. Veja na foto que o Ulisses Braga fazia parte da turma.

      Excluir
    3. Concordo que seja mantido o Hayton como autor da frase, até porque meu velho e querido pai dizia que "o bocado não é de quem o faz e sim de quem o logra".

      Excluir
  2. Esqueci de me identificar: capiá.

    ResponderExcluir
  3. Excelente crônica. Oportunidade ímpar de nós santanenses da época de ouro da MPB. Puxando pela memória emoções afloram de quem eramos enquanto criança pré adolescente que sentimentos sentíamos que protagonismo cada personagem citado aue influência

    ResponderExcluir
  4. Causava nas suas próprias vidas e nas dos que viveram a época.

    ResponderExcluir
  5. Bem lembrado, Xará, a passagem de Seu Barradas e familiares em Santana. Estudei com Mirtes,uma das filhas do homenageado, no Ginásio Santana, terceira e quarta série, nos anos 1965 e 1966. Os Barradas marcaram época na teirinha.
    Parabéns!!

    ResponderExcluir
  6. Agradeço, João Neto, em nome da família Barradas, já que sou agregado. O velho Ilo sempre se referia com carinho e saudade à querida e inesquecível Santana, cidade que marcou as nossas existências. Abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Leão, nós que agradecemos às contribuições para reconstruir parte da história.

      Excluir
  7. Parabéns Xará!
    Mais uma bela crônica...Os registros faz-nos voltar no tempo e reviver um passado de ouro...

    João Neto Oliveira

    ResponderExcluir
  8. Agradecido mais uma vez, João Neto, pela lembrança e referências à família Barradas, mormente hoje, neste triste, para nós, domingo de Carnaval em que Roberto partiu e levará para o céu seu talento e voz inconfundiveis, certamente para compartilhá-los com os espíritos de luz.. Abração.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nossos sentimentos em nome do povo santanense! Repouso eterno dai-lhe Senhor e que a luz perpétua o ilumine!

      Excluir

Postar um comentário