“Eis que, quando pensei que sabia tudo ou quase tudo de um dos Manoéis, jornalista, poeta, escritor, ator, produtor e diretor teatral e, agora blogueiro e radialista Manoel Constantino Filho, homem multicultural, nascido na terra Santa Ana da Ribeira do Panema, surpreendo-me com a sua trajetória e contribuição ao mundo cultural de Pernambuco”, confessa o irmão e admirador Sílvio Nascimento, “Seu Silva”.
E continua: “... Muito reconhecido no Estado, não tenho dúvidas que se tivesse partido para o Rio de Janeiro ou São Paulo, a repercussão da sua arte seria nacional. Emociona-nos e nos orgulha saber que mantém os mesmos valores da herança que recebeu dos nossos pais e da riqueza cultural que construiu no caminho que escolheu percorrer”.
* “Ele passeia de cabeça erguida pelas esquinas da arte. Do teatro à literatura, o alagoano Manoel Constantino fez e faz história na cultura pernambucana, sem deixar de lado seu recanto: Santana do Ipanema, no interior de Alagoas. Radicado no Recife, Manoelzinho, como também é conhecido, é jornalista, poeta, escritor, ator, produtor cultural, diretor de teatro e até de cinema.
Além das incursões na ficção, Manoelzinho também edita a famosa e longeva Agenda Cultural do Recife, onde, desde 1995, salvaguarda a memória cultural daquela capital, por meio de uma publicação contínua dos eventos culturais e da vida artística do local. Ele está à frente do veículo desde a fundação. Nos palcos, Constantino também construiu um nome potente no Recife, onde é reverenciado pelos artistas de teatro. Inclusive, foi enquanto planejava a volta aos tablados, junto com a Cia. Omoiós, que coordena desde 2001, que Manoel Constantino conversou com a Gazeta de Alagoas, revelando o que levou consigo para o estado vizinho e a relação do artista com sua terra natal.
São quase 50 anos de dedicação à arte e muita fome de palco, revela o artista alagoano. Das mais de 50 peças em que atuou, seja como ator ou diretor, até as outras tantas que escreveu, passando por suas poesias facilmente reconhecíveis, ele diz que traz bem mais do que a experiência de um homem de teatro, traz o desejo de trabalhar por mais meio século e reinventar a vida como jornalista e como artista.”
“ E essa relação com a arte começou como e quando?”
“A arte foi chegando por conta da minha curiosidade. O teatro, por exemplo, surgiu na minha vida, ainda em Santana do Ipanema, quando participei, com uns 13 anos, do grupo de teatro dirigido por Dona Albertina Agra, minha primeira mestra, e que mantinha o grupo, que se chamava A Equipe XIII, se não me falha a memória. E foi aí que tive contato com o primeiro texto de teatro, “Irmão das Almas”, de Martins Pena, o pai da comédia brasileira. Ao chegar no Recife, fui estudar no Colégio Liceu de Artes e existia o grupo Atores do Liceu. E foi aí que minha aventura nas artes teve seu início.”
“Você mora no Recife desde 1973. Pensa em voltar a Alagoas, trazer seu trabalho para cá?
Gostaria muito de voltar a Alagoas sempre, mas é preciso que haja possibilidades de trocas e intercâmbios. Por exemplo, estive na Bienal de Alagoas quando, na oportunidade, lancei o meu livro infanto juvenil Anjo de Rua (que foi finalista do Jabuti) e Aurora, um livro em prosa, com produção independente. Obviamente, sempre sonhei e sonho em levar meus espetáculos para Maceió e para minha terra natal, Santana do Ipanema. E, sendo sonho, acho que todo sonho pode ser possível.”
“Conhecendo outros horizontes, como o senhor vê, daí, a cena cultural de Alagoas? Acompanha?
Quanto à vida cultural das Alagoas, sempre tenho notícias através do meu irmão, Sílvio Melo, que aí reside. E fico feliz pela grande movimentação artística que aí existe. Claro, gostaria muito que houvesse mais intercâmbios culturais entre os estados nordestinos, o que seria extremamente enriquecedor, tanto para nós artistas, quanto para o público. Tudo é muito dinâmico e uma das coisas que me deixa feliz, é a qualidade da produção literária de Alagoas, principalmente no que diz respeito a edições de livros, por exemplo, pela Editora Oficial Graciliano Ramos.”
Manoel Constantino atua no teatro pernambucano desde 1973, com participações expressivas, como ator, produtor e diretor em diversos espetáculos - cerca de 50 peças -, dentre elas:
“O Pequeno Teatro da Felicidade”, “A Viagem do Barquinho”, “Vamos Jogar o Jogo do Jogo”, “O Suplício de Frei Caneca”, “A Revolta dos Brinquedos”, “Briga Bode, Briga Onça”, “A Noite dos Assassinos”, “Peter Pan”, “Vila dos Mil Encantos”, “Equus”, “A Viola do Diabo”, “Pinóquio”, “Flicts, a cor”, “Batalha dos Guararapes”, “Paixão de Cristo do Recife”, “Ana Clitenminestra”, “Sem Medo De Ser feliz, Aí Que Medo Que Dá!”, “O Filho do Herói”, e os premiados “Uma História de Amor” (as duas montagens que dirigiu recebeu diversos prêmios), “O Rei Artur”, “Maria Borralheira”, “Mudanças no Galinheiro”, “A incrível Viagem”, “Revolução da América do Sul”, “A Flor e o Sol”, “Convite de Casamento”, “O Circo Chegou e o Palhaço Sumiu” – Prêmio Apacepe de Teatro/2002 – Melhor Música de Teatro infantil.
Com “O Doce Blues da Salamandra”, recebeu o Prêmio Montagem da Fundação Nacional de Arte (Funarte), tendo recebido a indicação para Melhor Trilha Sonora do Prêmio Apacepe de Teatro/2004.
Produziu e dirigiu um dos maiores sucessos do teatro infantil em Pernambuco dos últimos anos, o espetáculo A Flor e o Sol, prêmio Apacepe de Teatro de melhor espetáculo infantil, melhor diretor, melhor atriz, melhor atriz coadjuvante, melhor texto e melhor figurino, que em um ano e meio de temporada atingiu cerca de 25 mil espectadores.
Sua direção em Revolução na América do Sul, recebeu onze indicações para os melhores de teatro adulto/98, incluindo o de melhor diretor, recebendo os prêmios de melhor ator coadjuvante e melhor iluminação. Na primeira versão da montagem, recebeu o prêmio Mandacaru de Prata, para melhor espetáculo, melhor cenário, melhor atriz coadjuvante, na Mostra Nordestina de Teatro. Criador do projeto oficina A Busca do Ator, recebeu o Prêmio Estímulo ao Teatro/1998, do Ministério da Cultura- Funarte, montando a peça Viva o Cordão Encarnado, com um elenco de 21 atores/aprendizes.
Em 2004-2005, escreveu e dirigiu As Viagens da Turma do Fom Fom, peça educativa com financiamento do Detran-PE, com produção da Página 21, circulando por 26 cidades pernambucanas, num total de 99 espetáculos, assistidos por 30 mil crianças. Em 2005, fez a direção artística do Balé Deveras, com o espetáculo comemorativo dos 25 anos da companhia, que recebeu o prêmio Apacepe de Dança – Melhor Coreografia Popular.
Em janeiro de 2006 dirigiu para a Trupe do Barulho, a comédia As Criadas Mal Criadas, que continua em temporada atingindo cerca de 60 mil espectadores. Em outubro/2006, fez a estréia do cordel original de J.Borges, A CHEGADA DA PROSTITUTA NO CÉU, no qual fez adaptação e direção. Com A Chegada..., recebeu indicações para melhor espetáculo, melhor diretor, melhor maquiagem, melhor música, melhor figurino, melhor ator coadjuvante. Recebeu o prêmio de Melhor Figurino. Estreia em 21 de outubro de 2008, como diretor, o espetáculo Oxente!, cartaz do Teatro Barreto Júnior. Estreia, em 2009, Andanças do Tempo, de Valdir Oliveira, com direção de Manoel Constantino.
Em 2021 lança nas redes sociais o espetáculo “Confissões Urbanas”, projeto aprovado pela Lei Aldir Blanc, Recife.
Como poeta publicou:
Esquinas (Ed. Pirata/1980); Açoite (Ed. Grumete/1982); Ardências (Ed. Bagaço/1996). No prelo: “Cais”, de poesia.
Também escreve crônicas domingueiras pelo Facebook desde 2015. Em prosa publicou “Aurora”(Editora Mariposa), Anjo de Rua (Cepe/2010) e “A Menina que vendia rosas encarnadas” (Editora Pirata).
Foi editor e um dos autores do livro Brincantes, editado pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife. O projeto recebeu o prêmio de Difusão Cultural do IPHAN.
Com “Anjo De Rua”, recebeu o 1º lugar no Prêmio Cepe de Literatura Infantil e Juvenil/2010/2011. Com este mesmo livro foi finalista do Prêmio Jabuti de Literatura/2012, na categoria juvenil, ficando entre os 10 melhores livros do Ano, no Brasil.
Em 2018, recebeu o Prêmio Elita Ferreira, de literatura infanto-juvenil, pela Academia Pernambucana de Letras, com o livro “A Menina que vendia rosas encarnadas”.
No cinema
Artista múltiplo
Trabalhou como ator em Soneto do Desmantelo Blue, de Cláudio de Assis; Bandido da Sétima Luz, de Paulo Maurício Caldas; Baile Perfumado(1996), de Lírio Ferreira e Paulo Maurício Caldas, onde atuou também como diretor de elenco e, em fevereiro/99 fez, como diretor de elenco, o curta-metragem Nóis Sofre Mais Nóis Goza, de Sandra Ribeiro.
Em 2004 atuou como diretor de elenco e ator no filme de curta metragem É mais fácil um boi voar, de Marcílio Brandão e em 2005 fez a direção de elenco do filme curta Três Contos de Réis, de Maria Pessoa.
Em 2006 fez a produção de elenco e trabalhou como ator da microssérie A Pedra do Reino, do original de Ariano Suassuna e direção de Luiz Fernando Carvalho, pela TV Globo. Em 2007 fez a preparação de elenco do curta-metragem Por uma tecla, de Valdi Oliveira.
Em 2008, fez a direção de elenco do curta-metragem Nossos Ursos Camaradas, de Fernando Spencer, com produção da Página 21. Em 2010, fez “Um dia de Veraneio”, curta metragem de Henrique Paiva, onde atuou como preparador e produtor de elenco.
Em 2013, entre os meses de outubro, novembro e dezembro, fez os filmes de curta metragem: A mulher e o mandacaru, direção de Rafael Coelho; E a valise foi trocada, direção de Eduardo Monteiro; A Moça e o Rapaz Valente, direção de Antônio Carrilho, dentro do projeto Simião Remake, da Página 21, onde atuou como preparador e produtor de elenco dos três filmes.
Em junho de 2017 faz a produção de elenco do Docudrama 1817 A REVOLUÇÃO ESQUECIDA, com direção de Tysuka Yamasaki.
Instrutor e Professor
Desenvolve projetos na formação de ator, através de cursos livres de iniciação ao teatro, desde 1989. Realizou oficinas pela Cristiano Lins Produções Artísticas, Arteviva, Espaço Pasárgada, Festival de Inverno de Garanhuns (PE), Festival de Arte de Águas Belas (PE), Associação de Teatro de Paulista (PE)/ Federação de Teatro Amador de Pernambuco, Espaço Cultural Arlecchino, Instituto de Cultura Técnica e pela Cia de Teatro Omoiós, da qual é diretor artístico desde 2001.
Professor convidado da Fafire (Faculdade de Filosofia do Recife no Curso Pós-Graduação Especialização Lato Sensu em Gestão Cultural, na cadeira de Gestão e Produção Teatral, desde 2012.
Jornalista, graduado pela UFPE, atua como editor responsável pela Agenda Cultural do Recife, sendo o criador do projeto, lançado em 1995.
Desde maio de 2018, assina duas colunas na Rádio Frei Caneca, 101.5, com entrevistas ( Coluna Papo de Artista) e informativo cultural ( Circulando com a Agenda Cultural)
Televisão
TV Universitária – Escreveu, dirigiu e atuou também como ator no Projeto RODA PIÃO, veiculado em todo o Brasil, através da Rede de TV Educativas e TV Manchete.
TV Pernambuco – Dirigiu os programas Aeróbica do frevo, Varadão do Pajéu e dirigiu e produziu o Programa Movimento.
Em 2019 – Participa como jornalista do Programa TV PE No Ar.
Formação em artes cênicas
Sua formação em artes cênicas foi forjada na prática permanente e participação em vários cursos e oficinas com Carlos Varella (PE), José Francisco Filho (PE), Helena Pedra (RS), Luiz Maurício Carvalheira (PE), Ilo Krugli (SP), Joana Lopes (SP), Eliane Ganen (RJ), Antonio Cadengue (PE), Marco Camarotti (PE), Luiz Carlos Vasconcelos (PB), João Mota (Portugal), entre outros.
*(...) “Diante de tudo isso, quais os planos para o futuro?
O futuro, para mim, é aqui e agora. Tenho a nova estreia de “Confissões Urbanas”, espetáculo adulto, e a temporada de “A Batalha da Vírgula Contra O Ponto Final”, o infantojuvenil que tenho levado para as escolas. Continuar escrevendo minhas crônicas domingueiras no facebook e sair por aí, reinventando a vida.”
Agosto, 2022
*Reprodução de trechos de entrevista concedida ao Jornal Gazeta de Alagoas, sob à coordenação de Maylson Honorato e Thauane Rodrigues, edição de 27 e 28.08.2022.
Nossos agradecimentos ao Sílvio Nascimento, irmão do artista pela mediação e ao Manoel pela cessão do material aqui publicado.
Conheça a trajetória de Manoel Constantino na imprensa (clique aqui)
É um grande orgulho ver um artista tão completo, tão diversificado, tão rico, principalmente na dramaturgia, filho de nossa amada Santana do Ipanema!
ResponderExcluirEu estudei com o Manoel, no Deraldo Campos. Era inteligentíssimo. Perspicaz, sempre se destacava. Perdi o contato com ele por completo. Que ótimo saber que ele está bem. Parabéns, João Neto, por divulgar os santanenses.
ResponderExcluirUma bela carreira essa do nosso amigo Manoel Constantino Filho.
ResponderExcluirQue Deus dê-lhe proteção,bênçãos e muita inspiração para continuar por muitos anos nessa multifunção.