Mácleim Carneiro, Hermeto Pascoal e Nelson da Rabeca. Foto: Lídia Bernardes |
O senhor Nelson dos Santos, que aos 54 anos desejou ser músico, pouco tempo depois tornou-se Nelson da Rabeca, aqui e alhures! Hoje é um dia triste para mim, pois, durante a madrugada, ele fez a sua última viagem, como Patrimônio Vivo de Alagoas e ícone da nossa cultura popular, cuja história e origem, como cortador de cana, todo mundo conhece de cor e salteado.
Em determinado momento, tive a sorte e o privilégio de poder ter uma historinha particular sobre esse artista, que cativava a todos pela singeleza, pureza d’alma e essência musical. Ocorre que fui o primeiro a fazer uma matéria de TV com o então desconhecido Nelson da Rabeca, após ter lido uma matéria no jornal Gazeta de Alagoas, sobre um senhor que tocava e vendia rabecas na Praia do Francês.
Fizemos a entrevista e mostramos o processo de fabricação de suas rabecas, tudo sob a sombra generosa de uma frondosa árvore, que lhe servia de oficina e varanda da casinha de taipa e chão batido. Esse foi o lado prático e objetivo da matéria, porém, o que me tocou profundamente foi o lado humano, o empirismo rudimentar daquele homem meigo e sua história de vida.
Mestre Nelson foi um homem tocado pelos deuses apolíneos, porque o destino havia reservado uma mudança de rumo para ele. Talvez, tardiamente. Para nós, a tempo do merecido reconhecimento e de termos a noção do quanto a simplicidade, candura e até mesmo a inocência podem significar veracidade ao imo musical de um homem que ia buscar na alma o que produzia e nos contemplava.
Siga em paz, Mestre Nelson da Rabeca, encantado e encantando, no plano superior, os que lhe serão gratos e fãs, como eu sou!
*Mácleim Carneiro
Abril,2022
*Mácleim Carneiro Damasceno, ou simplesmente Mácleim (Murici AL,1958) é um arranjador, compositor, produtor musical e autor de trilhas sonoras para teatro brasileiro, sendo considerado um dos maiores nomes da música do Estado de Alagoas.
Venceu o Festival de Música do Sesc de Alagoas nas edições de 1998 e 2001. Participou do Festival de Montreaux em 1998, com a música Retalhos de Azul. Em 2006, participou pela terceira vez do Projeto Pixinguinha, do Ministério da Cultura. (Wikipédia)
A artigo de Mácleim Carneiro toca a alma dos leitores pela vida simples e o talento do Mestre Nelson da Rabeca que hoje nos deixa..
ResponderExcluirUm grande abraço, Xará!