Em Recife, cidade de tantas
riquezas históricas e culturais, nasceu Ricardo, filho de Edno Alves Correia
Guedes e Edneusa Magalhães Guedes (falecida). Seus irmãos: Tereza Cristina e
Rogério.
Sua
infância foi marcada pela timidez, apego a mãe e as brincadeiras nas ruas e
ladeiras da velha Recife. Depois, a família se muda para a cultural cidade de
Caruaru, berço natal dos mestres Vitalino e Galdino, onde viveu grande parte da
sua vida, vendo de perto a criatividade da arte figurativa, dos emboladores e
cantadores de viola.
Da feira popular, a sagrada lição do trabalho árduo
para se conquistar um lugar ao sol. Experiência que contribuiu e muito para desenvolver
sua aptidão de negociador e de vendedor pracista.
Na cidade
de Caruaru, cursou o primário e secundário na Escola Dom Vital (Convento dos
Capuchinhos). Adolescente, em 1979, já começava a aperfeiçoar suas habilidades
de vendedor comercial, trabalhando na drogaria da família, juntamente com os
irmãos, cuidando do atendimento aos clientes, enquanto o pai viajava para
vender e entregar medicamentos nas cidades próximas.
Aos
dezoito anos, em 1985, presta prova de ingresso na Aeronáutica, mantendo sua
base na Veneza Brasileira, obtendo êxito, atuando como estagiário por dois anos
e meio. Salvo as exceções legais, todo brasileiro aos 18 anos deve se inscrever
no "serviço militar" cuja finalidade básica é treinar os cidadãos
para a defesa da Pátria no caso de guerras e conflitos. Além disso, o
estagiário ou soldado cuida dos serviços administrativos, trabalha como
motorista ou nos depósitos, faz manutenção de armamentos, e tudo o que for
trabalho básico para a manutenção do quartel. As mesmas atividades internas do
exército assim também ocorrem na aeronáutica.
Em
1986, enquanto presta estágio, inicia experiência de vendedor de frutas e
verduras no Ceasa-Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco da Capital
aproveitando os momentos de folga para continuar aprimorando suas habilidades
comerciais. Em 1988 e 1990, é contratado pela empresa Refinações de Milho
Brasil Ltda, como promotor comercial. De 1992 a 1997, foi contratado pela
empresa O Alquimista Cosméticos Ltda, como representante comercial, atuando no
Estado, no ramo da promoção e distribuição de perfumes produzidos pela empresa.
Casou-se
com Norma Lúcia em 1997. Após o casamento, mudaram-se para Arapiraca, naquele
mesmo ano, para iniciar o empreendimento de reprodução de chaves de diversos
tipos e configurações. Da união nasceram os filhos Maria Vitória (1999),
acadêmica de odontologia e Mário Vitor (2004) secundarista.
O
chaveiro é o profissional que reproduz chaves residenciais e automotivas com
auxílio de máquinas e equipamentos apropriados para o trabalho que garantem a
segurança de instalações e da população no dia a dia. É ele quem também socorre
nas horas em que pequenos incidentes acontecem; como trancar o carro com a
chave dentro, perder as chaves de casa e outras situações. Honestidade,
habilidade e simpatia são pré-requisitos para ser um chaveiro, características
que identificam fielmente a pessoa de Ricardo Magalhães, ao longo de duas
décadas de serviços prestados ao povo Arapiraquense.
Adotou
a terra de Manoel André como sua, participando e se integrando ativamente. Leitor
voraz habituou-se a explorar a imensidão de conhecimentos gerais dotando-o da capacidade
ímpar de contestar, arguir e ponderar quaisquer temas.
Pela
sua coerência, senso de justiça e capacidade de argumentação e mediação, em 2003,
foi nomeado pelo Presidente do Tribunal de Justiça Arbitral do Mercosul,
sediado em Brasília, Celso Dias Neves, como Juiz Arbitral do Tribunal Pleno por
Alagoas, cujo mandato permanece vigente. Juiz Arbitral é um cidadão
escolhido de forma consensual pelas partes para apaziguar conflito extrajudicial.
O árbitro
é juiz de fato e de direito, a sentença proferida equipara-se à sentença
judicial e não fica sujeita a recurso ou à homologação do judiciário, conforme
a Lei de Arbitragem.
Como se
não bastasse tanta responsabilidade, também é nomeado, no mesmo período, ao
cargo de Alto Comissário de Direitos Humanos, Mediador de Conflitos, da ONU, no
Brasil, por Alagoas. Eis os principais objetivos da função: Observar, promover
e proteger os direitos humanos em seis países da região: Argentina, Brasil,
Chile, Peru, Uruguai e Venezuela.
Para cumprir
a missão, é preciso estabelecer relações de estreita cooperação, assistência
técnica e diálogo permanente com os governos, instituições nacionais de
direitos humanos, organizações da sociedade civil, equipes dos países e
agências da ONU, dentre outros. As prioridades temáticas do Escritório Regional
para América do Sul são: Estado de Direito e impunidade; Segurança pública e
violência; Discriminação (todos os tipos), e; Pobreza, incluindo os direitos econômicos,
sociais e culturais.
Uma das suas
maiores virtudes era a solidariedade. Estava sempre participando de campanhas em
prol do bem-estar de pessoas carentes e de animais de rua. Amigo sincero e
servidor. Sempre disponível para ajudar a quem o procurava. Em 2018, por seu trabalho e suas qualidades, recebeu título de cidadão honorário de Arapiraca, de acordo com o Decreto Legislativo 432/2018, de 26.06.2018.
Sua maior
diversão era o encontro com os amigos, servindo-os com presteza. Amante eclético do cancioneiro nacional
vibrava com a diversidade artística. Uma de suas canções prediletas era “À
sombra de um jatobá”, de Toquinho - Antônio Pecci Filho – que resumia bem seu
estilo de vida, desejos e sonhos. (Clique para assistir)
Naquele domingo
tudo foi diferente. O vasto campo relvoso enchia-nos os olhos de paz e o verde
intenso acalmava a angústia que insistia em nos dominar. Os amigos de sempre
chegavam devagar e introspectivos. No lugar da bebida; a chuva fina, o vento
frio e as lágrimas se misturavam, tirando-nos o entendimento e as palavras. No
lugar da música; o silêncio. O último ato nos lembrava a volta a terra de onde
viemos e a certeza de que tudo acaba mesmo em despedida, como diz a canção.
Jamais
será esquecido pelos que desfrutaram do seu convívio.
Ricardo
Magalhães Guedes (10.03.1967-31.07.2021)
Agosto de
2021
Gostei da escrita, painho! Fez valer a pessoa de Ricardo, foi uma homenagem bonita e merecida. ❤
ResponderExcluirObrigado.
ExcluirMe emocionei bastante, homenagem linda ao meu pai. Que de onde estiver está feliz com tanto carinho <3
ResponderExcluirCaro confrade, escritor João Neto Felix Mendes. A sua Crônica sempre surpreende-nos. Sempre! Ora no início, ora no meio, ora no fim. E isso, independe do intencional, do proposital, do imprevisto. Nós que escrevemos, com intenção de ser lido, sabemos, vem alguém e comenta algo que você disse, aí você mesmo diz: "Interessante, nem tinha percebido isso..." Né assim? Essa crônica: "Amizade Sincera" foi a meu ver, a maior e mais bela homenagem que um alguém poderia prestar a um amigo. ass: Fabio Campos.
ResponderExcluirAgradecido, caro confrade Fábio Campos.
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