O poeta de todas as estações

 

Walney Rodrigues Menezes, filho de Walter Rodrigues Menezes e Margarete Lima, nasceu em Santana do Ipanema, em 1960. Cursou o primário na Grupo Escolar Padre Francisco Correia e o ginásio no Colégio Estadual Professor Deraldo Campos, em Santana do Ipanema, cujas bancas escolares partilhamos na mesma sala do educandário de 1973 a 1975. Reencontramo-nos em 2021 com a mesma amizade daqueles anos.

Cursou o científico na Escola Técnica Federal de Alagoas, atual Instituto Federal de Alagoas. Graduou-se em educação física na Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Alagoas e em Fisioterapia no Centro de Estudos Superior de Maceió, atual Centro Universitário CESMAC. Especializou-se em Planejamento Social na Universidade Federal de Alagoas, em Fisiologia do Exercício na Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro, e em Fisiologia dos Exercícios Físicos na Reabilitação Cardíaca e Grupos Especiais na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, e em Gestão de Redes de Atenção à Saúde no ENSP / Fiocruz, inconclusivo.

Começou a escrever os primeiros versos na adolescência, em 1974, quando sonhava em descobrir o mundo, quando o amor no coração ainda era semente, quando o amanhã ainda estava distante, quando seu horizonte era uma ponte de desafios desconhecidos e atraentes.

Foi premiado no Festival de Poesia Jacy Bezerra, promovido pelo CESMAC em 2007 e participou da VII BIENAL Internacional do Livro de Alagoas, da VI Feira Literária de Marechal Deodoro – FLIMAR ambos em 2015 e do Recital de Poesias do SESC no Teatro Jofre Soares.

"Na orelha da obra a professora, escritora e advogada Maria de Lourdes do Nascimento diz que: “O poeta e o silêncio”, de Walney Menezes, é uma obra dividida em quatro partes que totalizam 79 textos (poemas e sonetos): O silêncio ecoa (18), Sonhos libertos (22), Segredos emoldurados (22) e Acendedor de ilusões (17). Curiosa e interessante coincidência: o número sete simboliza um ciclo concluído e o número nove simboliza o término de uma criação e o coroamento dos esforços, segundo Chevalier e Gheerbrant."

"Na poesia desse vate alagoano, os sentidos, os símbolos e as metáforas unem-se para formar um todo: um universo imagístico que o poeta e o silêncio, parceiros da poesia, também são seus aliados e súditos. Assim se manifesta o poeta ao dizer que tenta "salvar para os braços da poesia/ A paixão da rima e o amor do verso". E acrescenta: "O silêncio é porta-voz da solidão". Essa parceria entre o poeta e o silêncio constitui o eixo da obra: "o poeta é que povoa o silêncio com a partilha do seu eco".

"Por que o silêncio? Chevalier e Gheerbrant afirmam: "O silêncio é uma grande cerimônia [...] um prelúdio de abertura à revelação". E o poeta é aquele que "quebra o silêncio", fazendo sua voz ecoar. Ele é o cerimonialista que realiza a "abertura à revelação" da sua criação - a poesia."

"Da primeira à última página, presente o amor aos versos. Na última estrofe do primeiro poema, Página do infinito, o encontro com as "estrelas poetas", o que lembra Olavo Bilac em "Ora (direis) ouvir estrelas". E, no último e magistral verso: "sou livro de amor interplanetário habitado por versos". Que metáfora! É esse amor que faz o poeta "ouvir e entender estrelas" e partir para "Shangri-la", último poema e o lugar onde, percorrido o caminho, final mente encontre o "soneto desconhecido/ Que precede a magia do amor/Por trilhas de rimas e de versos [...] Aguarde-me, em segredo, o amor surpresa".

"Partamos, pois, em busca do "amor surpresa", que é a própria "poesia surpreendente" de Walney, talentoso e brilhante criador de “O Poeta e o Silêncio”."

Vejamos como o autor se autodefine: "Distingo à minha frente dois mundos: este, ao qual me envolve em gestos - cega e flagrante rotina - que nos robotiza; que apresenta uma vazão aos apelos do nosso exterior, onde a extensão do supérfluo cansa nosso sentido crível, deflagra emoções de vozes contidas, análogas a concepções de revoltas subvertidas, obliteradas."

 "E este outro universo performático, jardim educandário que nos faculta arguir os sonhos, trilhar suas asas, visitar os cômodos da sua morada, onde se encontram as chaves da porta do impossível que dão liberdade aos papéis e às palavras poéticas, as mesmas que adoram nos acordar no silêncio inóspito do nosso estar só, para nos dar autógrafos, sem se deter ao alto das horas."

 "Alento-me conviver com estes polos divergentes, místico de vento que alça voo e ventania que quebra asas - perfil metafórico de paradoxos -, que se conversam e se estranham, facultam ilações às palavras que estagiam em vigília nas horas de silêncio; opostos que acenam em margens distintas no rio íntimo: a que banha e a que draga."

 "Envolto num universo performático, apresento em redes imaginárias este autor e a sua construção poética no silêncio, que possibilita ao leitor vislumbrar os alicerces embrionários, vozes que se tornam audíveis sem pretensão de aplausos, apenas pelo ato de vos revelar “O Poeta e o Silêncio”, já que há muito só querer comigo eles se comunicavam."

 Resumindo seu trabalho: É a magia poética que conduz o acendedor de ilusões a vagar nos labirintos do silêncio ecoando segredos emoldurados que transfigurados em sonhos libertos espalham rimas no céu na transmutação do caos.



Estação do Silêncio


Perpassam por cílios de faróis despedaçados 

Lembranças em vagões separados pelo tempo,

Destinados a me visitar na estação do silêncio,

Onde desenho o passageiro amor

Em cada comboio que trilha meus pensamentos.


Pelas janelas do meu coração,

Sigo um rastro de melancolia atrelado,

Que me acompanha no último vagão da saudade

Onde na boca do tempo

Deixei em espera meus lábios selados.


Nas curvas insanas do destino,

Onde o adeus descarrila e tomba,

O passado andarilho está a se aproveitar

Das minhas mãos estendidas e carentes

Para a esmo me oferecer carona.


Todavia, na estação do tempo sem fim,

Onde o amor como um trem viaja a todo vapor,

Meu coração é vagão abandonado,

Ferrugem a soprar trilhos desertos

Em ferrovia fantasma dentro de mim.



 










Contato: walneyrm@hotmail.com

(82) 99913 9864

Julho de 2021

Comentários

  1. Ao infinito se coadunem: o agradecimento e o respeito a este seu propósito libertador de artes nobre escritor e pesquisador João Neto Felix Mendes, amigo que a distância que separa, não conseguiu distanciar desta amizade preservada. Apercebo-me cada dia mais, que na trilha do fazer poético, para alçar voo, as obras, além do artesão que as esculpem e por demais além do perfume que venham a exalar, sem o sopro e asas dos seres que em suas caminhadas e construções literárias favoreçam-na, ao abrir-lhes as janelas, árduas se farão as dificuldades para chegar até a abertura das portas, no concorrido mercado literário.
    Pela fresta do prazer literário, encontro-me no momento a ler, num deslumbre íntimo, o ensaio premiado da nobre amiga e escritora Maria de Lourdes do Nascimento, no livro Jorge de Lima: um universo poético, especificamente na página 18, quando se refere ao poema Espírito paráclito:

    Exceder-mi-ei em meus limites,
    crescerei em todas as distâncias,
    sereia a palavra transcendente, a profecia, a revelação
    [e as realidades!

    Assim, tendo a lua do sonho e o sol da realidade sob os desígnios de Deus, sigamos caro amigo! Abraço fraterno! Walney Menezes

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    1. Sem palavras, grande poeta!! Restam reverências!!

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  2. Caro cronista, João Neto! Saudações literárias! Ganhei do protagonista de sua crônica de hoje, escritor Walney Menezes, um exemplar de sua obra autografado, nos seguintes termos: "Ao amigo Fabio Campos, que a leitura desta obra, encontre em sua capacidade crítica encanto, se encanto for. Boa leitura!! Walney 26/06/2021." Tive oportunidade de reencontrar o colega de grupo escolar, de infância, pelos caminhos das redes sociais, mais precisamente no Facebook. Extasiado ao ler suas composições! Cheguei a pensar em outro amigo professor, homônimo. Aos poucos fui descobrindo que tratava-se de um conterrâneo. E as afinidades não paravam apenas nisso: também escritor, poeta, nascido em 1960, estudou no grupo Padre Francisco Correia. No momento, deleito-me com "O Poeta e o Silêncio", primeira parte: "O Silêncio ecoa" e ecoou dentro de mim! Ao concluir a leitura da obra "quebrarei" o meu silêncio! ass: Fabio campos.

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