Carlos Gabriel da Silva (1923-2011), conhecido como “Seu Carrito ou Carlito”, natural de Santana do Ipanema, exerceu a profissão de comerciante por mais de 30 anos, além de pedreiro e sapateiro. Sua primeira mercearia foi localizada na rua Antônio Tavares, em frente à residência de Paulo Ferreira. A segunda mercearia funcionou defronte à praça São Pedro. Seu Carrito (1923-2011) No dia 09.08.1958, foi realizado o casamento na igreja matriz de Senhora Santana de Carlos Gabriel da Silva e Maria Joaquina de Lima e Silva, (1927-2018), conhecida como dona Quininha, filha de Júlio Rodrigues (Júlio Pizunha). O senhor Júlio era proprietário de uma das primeiras lojas de móveis de Santana do Ipanema que funcionava no prédio do meio da rua, demolido nos anos 60 na gestão do prefeito Ulisses Silva. Irmão de dona Quininha, Ponciano Lima e Silva (1919-1993), era um dos integrantes da Filarmônica Santa Cecília do maestro José Ricardo Sobrinho, nos anos 40. O casal Carrito e Quininha teve três filhos: Aparecida, Elgídio e Gilmar, que faleceu ainda bebê. Seu Carrito, juntamente com Antônio Dantas, Manoel de Melo e Narciso Gaia, durante anos foram responsáveis pela organização e realização da festa de São Pedro, padroeiro do bairro com o apoio do padre Cirilo. Líder nato, intercedeu junto às autoridades pela concretização da pavimentação com paralelepípedos das ruas Antônio Tavares, Travessa Antônio Tavares, rua São Pedro e a praça São Pedro. Foto da família: Aparecida, Carrito, Elgídio e dona Quininha Devoto de Nossa Senhora Aparecida, trouxe de São Paulo a imagem da Santa em 1967. Ao construir sua residência na travessa Antônio Tavares, edificou, em frente, capela em honra à Padroeira do Brasil, cuja missa inaugural foi celebrada em 12.10.1969, pelo Padre Luiz Cirilo Silva. A partir da data, todos os sábados, Dona Quininha, Carminha (mãe de Ivaldo Cuiuiui), Dona Bia (mãe de Anízio Barros), Dona Ismelinda, esposa de João Barbeiro, Dona Preta (Teresa Maria de Jesus), Ambrozina, Seu Carrito, Seu Dioclécio e outros vizinhos rezavam o terço mariano. Anos mais tarde, os imóveis foram vendidos ao casal Euclides José dos Santos (1928-2007) e Dona Preta (Teresa Maria dos Santos, 1924-1996) que assumiram à condução dos ritos religiosos da capela. Nos anos 60 e 70, organizou pau de sebo, casa de urtiga e corrida de saco, incluindo distribuição de doces para as crianças em comemoração ao dia dos santos Cosme e Damião. Em 1970, em parceira com José Urbano, Lourival Amaral, Cícero Rodrigues (Cícero Mão Branca) e os primos Sebastião Gabriel e Félix Gabriel reconstruíram a Igreja das Tocaias, cuja padroeiro é São Manoel da Paciência. A obra teve apoio financeiro de muitos santanenses, dentre os quais Alberto Nepomuceno Agra, Bartolomeu Barros, prefeito Adeildo Nepomuceno Marques e o Padre Luiz Cirilo, que celebrou a missa do encerramento das festividades. Outras edições foram celebradas no período de 1971 a 1974 com os mesmos organizadores. Convite para a festa das Tocaias, 1974. Com frequência, aos domingos, funcionava na mercearia Nossa Senhora Aparecida (nome oficial da venda de Seu Carrito), serviço de som até ao meio-dia. No telhado da mercearia tinha uma corneta de som - alto-falante - que tocava música para toda a vizinhança. Valter Pinto era o discotecário. Seu Carrito era eclético. Nas manhãs de domingo ouvia-se Tonico e Tinoco, João do Pife, Coronel Ludugero, Renato e Seus Blue Caps e Roberto Carlos. Possuía uma boa quantidade de elepês. Nessas manhãs recebia muitos amigos para boa prosa: Moreninho, Zé Farias, Evilásio, Genésio sapateiro, Francisco de Toinho (primo de dona Quininha), Seu Zé Nobre, Seu Cleto Duarte, Chiquinho Camilo, Antônio Izídio (pai de Hipopótamo), Hamilton de Marinheiro, Zé Urbano, Zé Honório, Seu Coaracy, Manezinho Purcino, além de tantos outros que frequentavam diariamente, como Seu Gaia, Seu Joaquim, Zé Augusto, Seu Liô, Seu Breno e Lelé (Guilhermino Queiroz). Ainda nos anos 70 vendeu todos os seus imóveis e se mudou para a cidade de Feira de Santana, retornando alguns meses depois. Na volta, passou a morar defronte à praça de São Pedro e, ao mesmo tempo, iniciou construção de residência e mercearia vizinho ao imóvel alugado, em terreno onde haviam sido destruídas duas casas decorrentes de explosão. Uma das casas era do casal Dionísio Fogueteiro e Vicência que também funcionava com fábrica artesanal de fogos de artifício. Ele faleceu na explosão. Vicência, porém, não estava no momento fatídico. Seu Carrito, foi um homem além do seu tempo. Registrou através das fotografias diversos momentos históricos, culturais e religiosos da cidade. Acervo encontra-se em poder dos seus filhos Elgídio e Maria Aparecida. Praça São Pedro, 1969 Quando não se cogitava preocupação com o meio ambiente, já era um defensor ferrenho da natureza e dos animais. Inclusive, era o jardineiro voluntário que cultivava e cuidava das plantas da praça São Pedro, durante o tempo em que residiu defronte ao espaço de convivência, no período de 1976-1998. Foi ele quem sugeriu que fosse colocada a estátua de São Pedro no logradouro. |
José Elgídio da Silva e
João Neto Felix Mendes, maio de 2021.
A nação santanense deve vibrar com o resgate dessas histórias, correto? Às vezes um nome remete a um cheiro, um som, um gosto qualquer e acende a fogueira de memórias da região. Parabéns!
ResponderExcluirÉ isso mesmo Hayton. Obrigado!
ExcluirMuito bom, muito bom mesmo, faço minhas as palavras do comentário aqui postado por Hayton Rocha. As palavras, elas tem esse poder, de remeter o leitor, o ouvinte, para dentro do túnel do tempo. Parabéns amigo e confradre João Neto Félix Mendes!
ResponderExcluirCaro confrade Fábio agradeço a gentileza do comentário.
ExcluirSaudoso Seu Carrito, líder nato, empreendedor, homem de bem demais, muito respeitado e querido por toda a comunidade! Sempre o admirei muito e convivi com a família, q até hj são parte de minha família! Sempre q podia, em dias de feira, quando garoto, gostava de ficar na "venda" com Elgídio pesando feijão, açúcar...e escutando histórias engraçadas da "rapaziada ", seu Gaia, Seu Liô, seu Djalma, enrre outros!
ResponderExcluirValeu Júnior, obrigado. Assim era o nosso bairro.
ExcluirTão bom viajar no tempo. Vários nomes eram citados lá em casa por papai e mamãe. Nomes que nem lembrava mais. E as fotos. Estudei com o Elgídio, meu amigo tão querido, por muito tempo. Gratidão por me chamar de volta a um período cheio de fantasias , respeito e sentimentos bons .
ResponderExcluirÉ gratificante para quem escreve algo instigar as lembranças dos leitores. Nossa imaginação é capaz de alcançar todos os tempos vividos num segundo.
ExcluirSeu Carrito ,homem admirado , grande cidadão Santanense , comerciante e empreendedor social. Tive o privilégio de conhecê -lo..
ResponderExcluirParabéns, João de Liô, por mais esse resgate histórico..
Xará do Mato, obrigado pela leitura e comentário.
ExcluirMeus CAROS amigos João Neto e Elgídio, não falarei da qualidade do texto, já reconhecida por todos. Mas, quero parabenizar ambos pela justa homenagem a seu "CARRITO", uma das maiores personalidades do bairro São Pedro, e por consequência da cidade, que eu conheci. Ressalto, também, à citação na narrativa dos nomes de tantas pessoas que fizerem parte da nossa história e que são frequentemente esquecidas nos registros históricos oficiais da nossa terra, nesse ponto, trata-se de um verdadeiro resgate. PARABÉNS!
ResponderExcluirMeu caro compadre Luiz Euclides, obrigado. Não tenha dúvida de que pela preservação da história santanense outras parcerias virão. Avante!!
ExcluirCompadre João, agradecido pelo incentivo na parceria desse lindo texto. A escrita tem o poder de ressuscitar entes queridos, fatos e histórias. Seu Carrito, foi um homem de personalidade forte. Mas, cordial. Um homem íntegro e muito generoso. E um pai maravilhoso.
ResponderExcluirFelizes aqueles que tiveram o privilégio de desfrutar do convívio e da amizade de Seu Carrito.
ExcluirTesouros da nossa terra...
ResponderExcluirTerra abençoada sob a proteção de Senhora Santana!
ExcluirSeu carrito, homem de boa índole soube dar educação aos seus filhos,aparecida e eugidio, que tive a oportunidade de tê-los como amigos na adolescência,na qual o tempo nos separa mas no coração ❤️ nunca esqueço dos nossos amigos, que Deus abençoe grandemente todos.
ResponderExcluirAmém.
ExcluirQue felicidade reviver minha infância na minha amada Santana,senti até o cheiro gostoso da venda do seu carrito, maravilha de nossa história.
ResponderExcluirSílvio Pontes o Kiko do brasill
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