Verônica, entre a fantasia e a realidade

 

O Cine Alvorada foi palco dos grandes eventos da cidade. Recebeu inúmeros shows de cantores da época. Dentre os artistas que se apresentaram em Santana do Ipanema nos anos 70 Maurício Reis foi um deles. Conhecido como "o poeta do cravo branco". Sua música destaque nas apresentações era  “Verônica”, seu maior sucesso.

João Maurício da Costa, paraibano de Santa Rita PB, conhecido artisticamente por Maurício Reis, também conhecido como “poeta do cravo branco” ou “poeta das rosas”. Apresentava-se com um cravo branco na lapela. Às vezes, distribuía flores entre as fãs. Era representante do estilo conhecido como brega. Radicou-se em Gravatá PE, onde morou por mais de uma década. Em 29 anos de carreira, gravou 27 álbuns.  Seu LP Fim de Noivado (1973), curiosamente, que contém a música "Verônica", foi produzido por Luís Paulo e Hyldon, autor da música "Na rua, na chuva, na fazenda", grande sucesso da época do gênero soul.

Maurício morreu em 22 de julho de 2000, aos 58 anos de idade, no acidente automobilístico ocorrido no município pernambucano de Bonito, em decorrência das fortes chuvas que caíam na região, inundando a pista da PE-109 e provocando uma derrapagem que jogou seu carro, um fiat Tempra, na barragem do Prata. Curiosamente, a canção "lenço manchado de sangue" (de Isaías Sousa), que consta do LP Fim de Noivado, conta a história de um acidente de carro. Seu filho, o tecladista Maurício Inácio Costa, dirigia o carro no momento do acidente e conseguiu sobreviver.

Sua canção "Verônica" foi um grande sucesso. Agenda lotada por todo o Nordeste. Todos queriam assistir às suas apresentações. As emissoras de rádios não paravam de tocar suas canções. Nas mesas de bar não se falava em outra coisa. O palco do Cine Alvorada não poderia ficar de fora de sua apresentação. O destino iria marcar a presença do artista no sertão.

Evidentemente que todas as Verônicas reais e imaginárias, articulavam invasão ao evento requerendo o posto de musa inspiradora, com discos e fitas para obterem autógrafos e fotos. A fantasia romântica se apossou dos corações enfeitiçados.

A expectativa para o show do artista era muito grande. Houve divulgação massiva. O grande dia chegou. Aguardado com ansiedade, evento alterou a rotina simplista do interior, tornando-se o principal assunto nas rodas de conversa, mesas de bar e na maioria dos lugares.

Como era de se esperar o espetáculo foi brilhante. O cinema que tinha capacidade para oitocentas pessoas, ficou lotado. Quando Maurício Reis cantou a música “Verônica”(Clique para ouvir) as fãs foram ao delírio, pedindo bis e mais... 

Inúmeras garotas assediaram-no. Todas foram atendidas prontamente com cumprimentos, abraços, beijos e autógrafos. Encerradas as formalidades o artista e sua banda dirigiram-se ao Hotel de Dona Branca, na Praça Manoel Rodrigues da Rocha, que funcionava no sobrado que pertenceu à família do Coronel Manoel Rodrigues, onde os músicos e o cantor Maurício Reis, iriam pernoitar.

No dia seguinte, mais uma Verônica impetuosa ainda foi recebida pelo artista. Fora agradecer, mais uma vez, pela realização do seu sonho e fantasias. 

Originária da Europa a flor verônica significa "Não-me-esqueças". Cumpriu-se seu destino.

Publicação de julho de 2019 e revisada em novembro de 2020

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