Lapso semestral da pandemia no sertão - parte final

 

ØJunho-Homenagem à deusa Juno, protetora das mulheres e da maternidade. Outra versão diz que deriva do nome de um clã romano chamado Junius.

 

Desde então, em 2 de junho, confirmaram-se 526 447 casos, a maior parte deles no estado de São Paulo, causando 29 937 mortes. A transmissão comunitária foi confirmada para todo o território nacional.

Durante a pandemia vimos muitos fatos incomuns, entre eles governos achando-se no direito de recomentar à população medicamentos e procedimentos em desacordo com as pesquisas científicas e recomendações sanitárias, confundindo a população e contradizendo orientações emitidas pelo próprio governo, enquanto as mortes aumentavam em todas as regiões. Nunca a ciência foi tão desprestigiada.

 Aliado a tudo isso, as “fakes news” se propagaram como pragas digitais dos tempos modernos a serviço da desinformação.

O isolamento social não vem sendo cumprido adequadamente. As pessoas continuam ignorando as recomendações sanitárias. Enquanto isso as mortes  aumentam. O mês de junho foi estranho: chuvoso, frio, silencioso e sem fogueiras. Para proteger a saúde das pessoas que estavam cumprindo isolamento ou em recuperação domiciliar foi proibido o acendimento de fogueiras. A produção de fumaça aumentaria riscos as pessoas contaminadas, visto que a enfermidade se trata de infecção que afeta, principalmente, as vias aéreas.

Por outro lado, o isolamento imposto pela quarentena elegeu as redes sociais como a principal plataforma de entretenimento. Shows de artistas foram realizados em suas casas com transmissão pelos canais de youtube. A tecnologia esteve a serviço da humanização das relações sociais. O jornalismo assumiu o protagonismo da informação, esclarecimento e orientação à população.

 

  Julho - No primeiro calendário romano, era chamado de quintilis, por ser o quinto mês do ano. Em 44 a. C., foi rebatizado em homenagem ao grande líder romano Júlio César, que fora assassinado.

 

            Já estamos no mês de julho, portanto há 120 dias cumprindo quarentena e ainda não temos perspectiva de mudanças efetivas. As mortes em consequência da pandemia se alastraram em todo Estado. Dentre as inúmeras vítimas da covid-19 do Município, faleceu o prefeito Isnaldo Bulhões no dia 08 de julho. Nossa homenagem a todas as famílias que sofreram a excruciante dor da perda dos seus entes queridos.

 Pela primeira vez na história a festa da padroeira Senhora Santana foi transmitida pelas redes sociais sem a presença de fiéis. Os santanenses das plagas distantes tiveram a oportunidade de assistirem às festividades. A pandemia obrigou-nos abandonar o olhar exterior das solenidades, evocando à reflexão e a celebração exclusivamente interior.

           

A procissão, que é o gesto de expiação, lembra-nos que somos peregrinos seguindo o itinerário de encontro consigo e com os irmãos, cooperando e partilhando a existência para um mundo mais fraterno. A procissão foi transmitida ao vivo pelas redes sociais ocorrendo de forma inusitada: O andor com as imagens de Senhora Santana e São Joaquim foi instalado em veículo que percorreu as ruas da cidade. Os momentos de júbilo e saudação foram vivenciados pelos santanenses diretamente de suas casas.

 

  Agosto - Por representar o sexto mês do ano no antigo calendário romano, recebia o nome de sextilis. Também foi rebatizado para homenagear outro grande líder, Augusto, que se tornou o primeiro imperador romano.

 

            O mês foi marcado pela reabertura de atividades de prestação de serviços com percentual reduzido de capacidade.  Inclusive, os templos religiosos voltaram a receber fiéis com limitação de participantes. Enfim, a sociedade retoma as atividades, conquanto parte da população insista em ignorar os procedimentos de isolamento social ainda que os meios de comunicação continuem orientando à população.

            “Um homem de 30 anos, que não possuía comorbidades, foi o paciente mais jovem a falecer por conta da Covid-19 em Santana do Ipanema.

O registro deste óbito, que já é o 25º na cidade provocado pelo novo coronavírus, foi divulgado neste sábado, 22.08.2020, pelo boletim epidemiológico da secretaria municipal de saúde.

Segundo apurado pelo site Alagoas na Net, o homem vitimado deu entrada na última quinta-feira (20) no Hospital Regional de Santana e um dia após não resistiu e faleceu.”

 

  Setembro - Do latim septem (sete), o sétimo mês, antes do calendário de Numa Pumpílio.

 

O Ano de 2020 está sendo muito turbulento. Além dos problemas causados pela covid-19, o mundo enfrenta incertezas econômicas e financeiras. Ainda bem que o auxílio emergencial concedido pelo governo evitou colapso social sem precedentes das populações de baixa renda, desempregados e afetados pela paralisação sistêmica das atividades produtivas.  Mesmo assim os problemas se agigantam em todos os segmentos econômicos. Oxalá que a recuperação seja mais ágil.

Nada será como antes. O “escritório em casa” que surgiu como alternativa durante a pandemia continuará sendo utilizado pelas empresas, visto que vem apresentando resultados satisfatórios. Nesse tempo de restrições, a metodologia virtual vem sendo amplamente utilizada nos debates, reuniões de trabalho ou mesmo ações da sociedade civil vêm utilizando o recurso como alternativa eficiente para a continuidade dos trabalhos.

As vacinas se apresentam como alternativa para retomada à normalidade, embora cientistas argumentem que dificilmente será eficiente para todos os públicos devido a permanente mutação do vírus. Teremos que aprender a conviver com a doença e não abrir mão totalmente das precauções em vigor: máscaras de proteção, higiene pessoal e distanciamento social controlado. Notícias animadoras dão conta que os testes de vacinação se iniciarão até o mês de dezembro desse ano. Quiçá se confirme.

O mundo não será o mesmo após a pandemia. A vida tem regras próprias e independe da vontade humana. Aliás, a natureza ignora o que pensamos. Precisamos, urgentemente, ampliar nosso olhar e ações para a preservação de todas as formas de vida. Todas as coisas estão inter-relacionadas. Tudo tem a ver com tudo. É urgente agir e trabalhar pela preservação dos recursos naturais como forma de evitar a destruição do que ainda resta, visto que só aumentam os desmatamentos, poluição e a degradação dos recursos naturais.  A linguagem da natureza é ação e reação. Pelo jeito o homem quer ver para crer. Só não vê quem não quer!

 

Boletim Covid-19 – Quadro evolutivo no período

Casos	Abr.	Maio.	Jun.	Jul.	Ago.	Set.
Suspeitos	11	234	445	484	266	139
Confirmados	0	103	318	994	1459	1553
Descartados	22	125	434	1498	2255	2868
Recuperados	0	65	213	747	1155	1315
Óbitos	0	04	08	18	26	30

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde

Durante a pandemia, de março a setembro de 2020