25 de Setembro, dia Nacional do Rádio |
Você, como quase todos nós, deve ter aprendido que o inventor do rádio foi um italiano chamado Guglielmo Marconi. Contudo, provavelmente, nunca ouviu falar de Roberto Landell de Moura, o padre brasileiro responsável por fazer em 1894 (dois anos antes de Marconi) uma experiência pioneira de radiodifusão, mas acabou menosprezado pelos registros históricos.
Nascido em Porto Alegre e educado em Roma, Landell foi a São Paulo exibir seu invento ao público e tentar conquistar um patrocinador. Ele transmitiu a voz humana por 8 quilômetros em linha reta, da avenida Paulista até o Alto de Santana, na zona norte da cidade. (Detalhe: o rádio inventado por Marconi só transmitia sinais telegráficos.) Ainda assim, o sucesso do experimento não se converteu em dinheiro.
Em 1900, Landell repetiu o experimento, agora na presença de jornalistas e de um representante do governo britânico. A notícia repercutiu, mas não do jeito que ele planejara: alguns religiosos se indignaram quando souberam que um padre estava fazendo “bruxarias”. Dois dias depois da demonstração, meia dúzia de fiéis invadiu o modesto laboratório do religioso para quebrar todos os seus aparelhos.
No ano seguinte, o padre foi tentar a sorte nos EUA, onde impressionou a comunidade científica. Eis que o esperado dinheiro parecia estar chegando: empresários americanos ofereceram uma fortuna a Landell. Só que, patriota ferrenho, ele a recusou. O padre acreditava que as invenções pertenciam ao Brasil. Ele conseguiu patentear suas invenções em 1904. Tarde demais: Marconi já o havia feito em 1896.
Ao voltar para o Brasil, Landell tentou mais uma vez convencer o governo a financiá-lo. Seu plano incluía uma demonstração envolvendo dois navios da Marinha. Ao ser perguntado sobre a distância que os navios deveriam ficar um do outro, o padre perdeu uma incrível chance de ficar calado. Sua resposta foi: “Coloquem-nos na maior distância possível, pois esse invento um dia permitirá até conversas interplanetárias!” Foi o suficiente para ser taxado de louco por querer falar com ETs. Desiludido com a falta de apoio, acabou abandonando a ciência e dedicando-se exclusivamente à vida religiosa.
Grandes momentos:
• Como não há documentos oficiais da demonstração de 1894, muitos só aceitam o ano de 1900 como a data da primeira transmissão por rádio de Landell.
• Apesar da invenção do rádio ser frequentemente creditada a Marconi, várias pessoas vinham fazendo pesquisas na área, como o alemão Heinrich Hertz, o austríaco Nikola Tesla e o próprio padre Landell.
• Marconi patenteou seu invento em 1896 e depois criou a Companhia Marconi para usar comercialmente suas patentes. Uma coisa não há como negar: ele foi o primeiro a investir na utilização comercial do rádio.
Em 12.07.1941, teve início “Em busca da felicidade”, primeira radionovela transmitida no país, através da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A obra mexicana foi escrita por Leandro Blanco, com adaptação de Gilberto Martins. Seus capítulos ficaram no ar por, aproximadamente, três anos. O maior sucesso em radionovela de todos os tempos foi “o direito de nascer” (1951), do cubano Félix Caignet, que ficou três anos no ar e que chegou a ser chamada popularmente de "o direito de encher".
Entre os brasileiros pioneiros na rádio dramaturgia, estão Oduvaldo Vianna, Amaral Gurgel e Gilberto Martins. Em seguida, vieram os autores Dias Gomes, Mário Lago, Mário Brazzini, Edgar G. Alves, Alfredo Palacios, Janete Clair e Ivani Ribeiro. Muitos deles, inclusive, se imortalizaram escrevendo para outro gênero, a telenovela.
Umas das radionovelas nacionais de maior sucesso, foi “Jerônimo, o herói do sertão”, criada por Moysés Weltman, em 1953. A trama foi, posteriormente, adaptada várias vezes para a televisão. No rádio, Jerônimo viveu suas aventuras em 96 radionovelas transmitidas em todo o território nacional.
Em Santana do Ipanema, a comunicação radiofônica vai surgir nos anos 60, na gestão do prefeito Hélio Cabral, com a criação do serviço de alto-falante fixo da prefeitura local sob o comando de Darras Noya, para divulgação de notícias de utilidade pública. Serviços similares foram surgindo em outros pontos da cidade no decorrer da década.
Depois, surgiram as emissoras clandestinas. Várias tentativas se sucederam, mas a legalização desse tipo de serviço era cara, burocrática e quase exclusividade política. As rádios duravam pouco tempo. Eram denunciadas e obrigadas a fechar as portas sob pena de multas e prisões. A despeito das proibições os serviços radiofônicos se mantiveram até o limite possível pelos entusiastas da comunicação.
Mesmo assim, enquanto as emissoras duraram, muitos profissionais se destacaram. Dentre eles, destacam-se Francisco Soares, que além de ter seu próprio serviço itinerante de divulgação (carro de som), trabalhou em várias emissoras da cidade, foi apresentador de programas de auditório e eventos. Consolidou estilo próprio com inúmeros serviços prestados ao povo santanense. Além dele, Petrúcio C. Melo (*1951+2016) iniciou sua trajetória como colunista social na rádio “Educadora Ipanema”, e radialista na emissora “Serviço de Divulgação Ipanema”. Desde cedo já se percebia sua criatividade e vocação à comunicação social. Após decepção em Santana, decide ir embora, não retornando à terra.
Linha do Tempo
1960. Serviço de difusão com alto-falantes distribuídos pela cidade, durante a gestão do prefeito Hélio Cabral. A direção dos trabalhos estava a cargo de Darras Noya. A aparelhagem era ligada com o prefixo musical “canção de setembro”. Além dos informes do município, eram divulgadas músicas e notícias e programas de calouros. Darras, iniciava o serviço de alto-falante com estilo próprio: “Com esta característica sonora, entra no ar a “A Voz do Município” (Festas de Santana, Djalma Carvalho, 1977, pg. 80)
1962. Foi fundada a rádio candeeiro. Emissora clandestina criada pelo idealismo de Adelson Miranda e os irmãos Bulhões. Instalou-se no tênis clube santanense, produzindo notícias e formando opiniões. Contribuiu para a chegada da energia elétrica na cidade. A emissora atuou decisivamente numa campanha de reinvindicação nunca vista na cidade, chegando ao Governador e aos políticos. O lema da emissora era: ou chega energia ou se vota em branco! “Queremos luz da chesf!” Governador veio a cidade. Pediu calma, paciência e confiança no governo. A energia chegou em 1963. Prefeito da época: Ulisses Silva (Festas de Santana, Djalma Carvalho, 1977)
1962. Serviço de divulgação Ipanema com alto-falante fixo existente nas imediações do final da rua Nova e início do bairro São Pedro. Chegou a transmitir a copa do mundo de futebol daquele ano, de propriedade de José Pinto “Preto”.
1964. Emissora clandestina criada pelos sócios Leosinger da Rocha Mendes (Liô) e Bartolomeu Freitas (Batinho/Bofão). Com o nome empresarial de “Organização Mendes Oliveira”, nome de fantasia “Educadora Ipanema”. Deve ter durado um ano e meio, mais ou menos.
Leonilton F. Mendes, filho do sócio, foi discotecário e locutor. Apresentava crônica do meio dia do colunista social Petrúcio Carvalho Melo ou Petrucio C. Melo. Leônia, filha de Liô, foi a primeira locutora. Sob o comando de Chico Soares, a emissora chegou a transmitir “ao vivo” programas de auditório do cine alvorada e acirradas partidas de futebol dos rivais Ipiranga e Ipanema do Estádio Arnon de Melo. Foram locutores: Everaldo de Seu Oscar “Boi Deu”, Chico Soares e o próprio Batinho, apelidado também de Bofão. Zé Carlos de Seu Abdon, também foi locutor e tinha uma jargão peculiar nas falas: "Com a chancela comercial da "Casa O Ferrageiro".
A Educadora Ipanema funcionava no quarto dos fundos da casa de Maria Zuza, localizada à rua 26 de julho. Certa vez, Bofão (Batinho), estava no comando da programação “ao vivo”, quando passou um gaiato e gritou: Bofão!
De pronto, no ar, retrucou: é a mãe! Tentando contornar a situação constrangedora e de descontrole emocional, rapidamente se corrige com o seguinte argumento, procurando dissimular sua raiva: Sim, é a mãe que deve ser prestigiada, pois seu dia está chegando. Não esqueçam! Desculpem-nos se o assunto fugiu à regra!
Elepê de propaganda utilizado na rádio Educadora Ipanema |
O maior sucesso musical à época foi a canção “Quero que tudo vá por inferno”, de Roberto e Erasmo Carlos. Outra canção destaque foi “A carta” composição de Waldick Soriano.
Os idealizadores tinham consciência da ilegalidade da radiofonia, contudo não desanimavam. O prazer da realização era maior que o risco. Resiliência tornou-se palavra de ordem. Nos momentos cruciais, na calada da noite, a única solução era levar o que pudesse dos aparelhos para local incerto e não sabido.
Sob ameaças de ser autuada e lacrada pelo Dentel-Departamento de Telecomunicações, escafedeu-se do endereço e surgiu, provisoriamente, nos fundos do salão paroquial. Os conhecidos compuseram até uns versos de gozação. Esse fato foi relatado por Batinho (Bartolomeu Freitas), em Delmiro Gouveia em 2018, antes da sua morte: “A rádio de Santana ta vivendo uma agonia, para não ser fechada foi parar na sacristia”.
Recordo-me muito bem de que o mastro que servia à antena de transmissão foi utilizado na cumeeira de dependência construída na nossa residência.
1964. O Pe. Alberto e alguns membros da Paróquia de São Cristovão idealizaram, com recursos próprios, serviço de radiodifusão com a montagem de um pequeno transmissor para fortalecer os trabalhos de evangelização. Com apoio do radiotécnico Zé Gomes foi instalada a emissora denominada “A Voz de São Cristovão”. A programação de uma hora diária contava com momentos de catequese bíblica, avisos da paróquia e da comunidade, inclusive apresentação dos violeiros Zé de Almeida e João Paraibano. Entre idas e vindas de silêncios forçados, a paróquia recebeu visita do Dentel à época, através de delegado da polícia federal sediado em Recife, intimando a paróquia a desativar de vez o serviço sob pena de prisão do vigário.
1967. Funcionando à Rua Pedro Brandão,190, o “Serviço de Divulgação Ipanema”, tinha como proprietário o senhor José Amaral, natural de Pão de Açucar. O empreendimento foi adquirido pelo Sr. Espedito Oliveira. O serviço contava com dois controlistas (Zenildo Aquino e Ademir Fonseca) e 06 locutores (Giseldo, Danúbio Lira, Francisco Soares, Petrúcio C. Melo, Leonilton e José Pinto Preto). Funcionava das 05 às 18hs, com variada programação musical e comerciais das maiores lojas de Santana, dentre elas: “Casa O Ferrageiro” e a “Farmácia Vera Cruz”. Além disso, apresentava, diariamente, o programa intitulado “A voz do Município”, comandado por Zé Pinto “Preto”, divulgando as ações da Prefeitura, na gestão do prefeito Adeildo N. Marques. Adversários do prefeito não gostavam do programa, sendo um dos motivos das denúncias que ocorreram tempos depois.
Fato curioso relatado pelo próprio Espedito é que ele havia adquirido um jipe para trabalhar como pracista, com 50% do dinheiro emprestado por seu cunhado. O veículo fora trocado pela emissora. Nos primeiros 08 meses de funcionamento conseguiu honrar todos os compromissos e saldar as dívidas.
Segundo depoimento do proprietário, Everaldo Noia, por desavença política com o prefeito Adeildo, denunciou ao Dentel a ilegalidade do negócio. Apadrinhado pelo prefeito Adeildo Marques o serviço durou apenas 01 ano, encerrando suas atividades em 1968 em virtude das dificuldades para legalização e sob frequente ameaça de multas e prisões.
Afirmou Espedito, que era comum dissimular e esconder os equipamentos quando havia rumores de fiscalizações. Temendo o arresto, tudo era levado para esconderijos até o arrefecimento dos ânimos. Os resilientes empresários foram superados pelas forças estatais, encerrando definitivamente as operações.
1979. Inauguração da Rádio Correio do Sertão AM, pertencente à família Bulhões. Um marco nos serviços de radiodifusão na era moderna, legalmente autorizada a funcionar. “A Rádio Correio teve início à Praça Senador Enéas Araújo, penúltima casa da esquina com a Rua Nilo Peçanha.
Quando entrou no ar, na fase experimental, em meados de 1978, era ponto de encontro da rapaziada entusiasmada com a novidade tecnológica. Adeilson Dantas era o principal discotecário e controlista da programação musical. Recordo-me das visitas de várias turmas do curso científico noturno do colégio estadual para prestigiar a vasta programação musical nas instalações da emissora. Na entrada no prédio havia um relicário encravado na parede com a exposição do transmissor da extinta “rádio candeeiro”.
Éramos assíduos ao estúdio nesse período. Recordo das canções da época presentes na programação diária: “Gosto de Maça”, Wando; “Todo Menino é um Rei”, Roberto Ribeiro; “Café da Manhã” e “Outra Vez”, Roberto e Erasmo Carlos.
Sendo a pioneira da região sertaneja, muito contribuiu com a comunicação social do sertão, diariamente informando, mandando recados e divertindo a zona urbana e rural. Na grade de programação constavam programas de forró, repentistas, aboios e tantas outras atrações que cativavam seus ouvintes.
Quando as instituições financeiras queriam se comunicar de forma massiva com os agricultores, utilizavam a emissora para convocação dos mutuários através de lista de nomes para comparecer à instituição que era lida durante toda a programação. Todos compareciam ao chamado.
O cantor, desenhista e radialista Adeilson Dantas, falecido em desastre automobilístico, foi um dos primeiros servidores da emissora, criando sua marca regional. Outros locutores também se tornaram famosos atuando na rádio correio que se tornou escola, formando vários profissionais para emissoras de outras localidades.
Djalma Carvalho, notável escritor santanense relembrou da existência de programa noturno de músicas românticas, conduzido pelo seresteiro Manoel Teles, vulgo "Caçador", de timbre de voz gravíssimo, que atendia pedidos dos ouvintes. Lembrou o escritor que certa vez foi colocado no ar, durante o programa, para comentar sobre a audiência e importância da programação.
Posteriormente a Rádio Correio passou a funcionar à Rua Coronel Lucena, onde permanece até os dias de hoje. Venceu inúmeras crises internas, mas vem resistindo, mesmo com suas concorrentes que se instalaram na cidade.” (Escritor e prof. Clerisvaldo Braga das Chagas).
As rádios evoluíram. Alcançaram longas distâncias, ampliaram seu público e lançaram gerações de artistas e profissionais. E, por fim, ganharam qualidade de som estéreo com a frequência modulada (FM).
1989. Rádio Santana FM, inaugurada em 15.10.89. Pertencente ao deputado Nenoí Pinto, funcionando no antigo e histórico sobrado, onde fora residência de Manoel Rodrigues da Rocha e onde nascera Breno Accioly. (Caminhada, Djalma Carvalho, 1977, pg. 46). Posteriormente, o nome foi alterado para Rádio Milênio.
2016. Petrúcio Carvalho Melo. Morreu aos 65 anos em 31.03.2016, em São Paulo. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiore e sofreu parada cardiorrespiratória. Amigo e parceiro de longa data de Silvio Santos, Petrúcio Melo foi um dos grandes pioneiros dos concursos de calouros do SBT, sendo um dos primeiros jurados. Petrúcio também trabalhou com Chacrinha, nos anos 80. Até 2016, o apresentador tinha um programa na rede brasil de televisão, o Petrúcio Melo Show, seguindo os moldes de sucesso que o fez crescer na TV.
“Segundo o jornalista contemporâneo, Fernando Valões, Petrúcio deixou Santana do Ipanema no final dos anos sessenta, revoltado com parte da sociedade santanense depois que ele programou a realização de um baile para escolher as celebridades e espalharam pela cidade comentários homofóbicos contra a realização do baile. Revoltado e humilhado, foi embora para São Paulo para nunca mais voltar.
Conta Valões ainda: "Os pais moravam à rua Min. José Américo, faleceram e ele não participou dos sepultamentos. Mesmo decepcionado nunca deixou de elogiar sua terra natal, citando durante as entrevistas e nos seus programas de TVs que nasceu em uma cidade que tem estátua de jumento na entrada principal, como símbolo da força do sertanejo.
Antes de se transferir para São Paulo, Petrúcio chegou a trabalhar na redação do velho jornal associado: “Jornal de Alagoas”, ao lado de Zito Cabral, Aldo Ivo, Alberto Jambo, Freitas Neto e o blogueiro Bernardino Souto. Petrúcio substituiu o jornalista Luiz Tojal na televisão “Jornal do Commercio” do Recife que pertencia ao senador F. Pessoa.
Jornalista Petrúcio Melo alcançou o estrelato: presença frequente em programas de tv dos anos 80 e início da década de 90, como “troféu imprensa” e “Flávio Cavalcanti”. Teve problemas sérios de saúde, levando-o a amputação de uma das pernas. Criou expressões engraçadas para avaliar os jurados: Ispiciá (para os regulares), ispicibê (para os bons) e ispicizê (quando eram ótimos).”
Sílvio Santos e Petrúcio C Melo |
Publicação em abril de 2019
Fontes:
Festas de Santana, Djalma Carvalho, 1977, pgs 47 e 80);
Caminhada, Djalma Carvalho, 1977, pg. 46;
https://super.abril.com.br/historia/o-outro-inventor-do-radio;
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/01/radio-correio-do-sertao.html;
http://diarioarapiraca.com.br/post/bernardino-souto/jornalista-santanense-petrucio-c.melo-morreu-em-sao-paulo/10/14427;
https://pt.wikipedia.org/wiki/Petrucio_Mel;
https://memoriacineipanema.blogspot.com/
Entrevistas: Espedito Oliveira, Francisco Soares, Bartolomeu Freitas e Leonilton F. Mendes
https://super.abril.com.br/historia/o-outro-inventor-do-radio;
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/01/radio-correio-do-sertao.html;
http://diarioarapiraca.com.br/post/bernardino-souto/jornalista-santanense-petrucio-c.melo-morreu-em-sao-paulo/10/14427;
https://pt.wikipedia.org/wiki/Petrucio_Mel;
https://memoriacineipanema.blogspot.com/
Entrevistas: Espedito Oliveira, Francisco Soares, Bartolomeu Freitas e Leonilton F. Mendes
Que relato histórico maravilhoso, João, desse veículo de comunicação que tem uma magia que transcende ao tempo, que é o Rádio, contextualizado, no caso, na realidade de Santana do Ipanema. Sou, como milhões de ouvintes, um apaixonado por essas ondas invisíveis que transportam o som. Já fui fascinado por passar horas e horas, tentando captar em um receptor de Ondas Curtas (que ganhara de presente de minha mãe, quando aprovado em meu primeiro vestibular) emissoras dos lugares mais longínquos. Escrevia e recebia respostas, com brindes, de rádios de diversos países, como Alemanha, França, Estados Unidos, Espanha e tantos outros. E aqui no Brasil, era um ouvinte assíduo da Rádio Sociedade da Bahia e, principalmente, da Rádio Globo, cujas audições só se intensificavam no horário noturno, em função da ionização. Hoje, através da internet, os acessos ganharam expansão extraordinária. Com um simples aplicativo no celular pode-se sintonizar emissoras de quaisquer cidades brasileiras ou de outros países do planeta. Mas, ainda assim, logo que levanto pela manhã, ainda saudosista que sou, ligo meu aparelhinho de rádio convencional e começo o dia ouvindo as transmissões que os visionários Roberto Landell e Guglielmo Marconi materializaram para nos fascinar perpetuamente.
ResponderExcluirQue depoimento maravilho, Fernando ! Temos em comum, também a paixão pelo rádio. Como você percebeu, meu pai adorava rádio, talvez como compensação pela sua deficiência visual. Até hoje ainda tenho o rádio que era utilizado lá em casa. Tempos depois, tornou-se empresário da rádiodifusão clandestina, numa parceria com outros santanenses. Era muito caro legalizar esse tipo de atividade. Ouvi muito as rádios Sociedade da Bahia e Globo, além da BBC de Londres com transmissão em português. Ainda continuo ouvindo as rádios locais e outras pela internet. Obrigado.
ResponderExcluirExcelente texto. A cidade em que nasci tem três altos. Lembro que nos anos setenta e oitenta, o Alto do Morro, o do Cruzeiro e o de Sta. Teresinha tinham, cada um, uma "boca de difusora". No centro da cidade tinham outras duas ou três. Quando elas tocavam a música Ave Maria (instrumental), alguém havia morrido na cidade. Quando tocavam Pra Frente Brasil era hora da resenha esportiva. Quando ouvíamos Detalhes era a hora do rei Roberto Carlos.
ResponderExcluirCom o avanço da tecnologia, vieram as rádio AM... e as "bocas de difusoras" foram sendo gradativamente silenciadas.
Foi a maravilha tecnológica da época. Com a democratização do acesso às concessões a quantidade atual de emissoras é algo fora do comum. Nunca se teve tantas rádios como agora. Com o advento da internet criaram-se as franquias de rádios que passaram a repassar programações musicais engessadas. O papel do discotecário praticamente foi extinto. Uma lista programada é reproduzida e controlada por computador. Obrigado Oliveira pela leitura e comentário.
ExcluirExcelente texto. A cidade em que nasci tem três altos. Lembro que nos anos setenta e oitenta, o Alto do Morro, o do Cruzeiro e o de Sta. Teresinha tinham, cada um, uma "boca de difusora". No centro da cidade tinham outras duas ou três. Quando elas tocavam a música Ave Maria (instrumental), alguém havia morrido na cidade. Quando tocavam Pra Frente Brasil era hora da resenha esportiva. Quando ouvíamos Detalhes era a hora do rei Roberto Carlos.
ResponderExcluirCom o avanço da tecnologia, vieram as rádio AM... e as "bocas de difusoras" foram sendo gradativamente silenciadas.