As pinhas do coronel (Os loucos de Santana do Ipanema), Oscar Silva.

Santana do Ipanema não tem sido compreendida ou não se tem feito compreender por muita gente que a conhece ou visita. Já ouvi alguém tirar de Palmeira dos Índios para ela o cognome de “Princesa do Sertão”. Um pouco de lisonja, sem dúvida, pois, inegavelmente ela tem defeitos e lacunas que preencher até se tornar digna de uma tal coroa. Maior exagero, entretanto, há na opinião dos que, por terem subido ladeiras como a Rua Siqueira Campos (antiga do Monumento) ou beber um pouco de água salobra do Ipanema, dizem-na das piores terras do mundo e põem-lhe quanto mau epíteto vão encontrando.


Certo sujeito, que detestava Santana, quando não achava O que falar, dizia: “Aquilo é terra de doido! O que mais ela tem senão doidos?"” E citava Agissé, Firmino, Vítor e outros malucos santanenses.

Que Santana é uma das cidades alagoanas onde nunca faltou um doido, isso me parece. Mas as pessoas que a menosprezam por este motivo longe estão de perceber ser a presença do doido indispensável à vida santanense, como parte integrante de sua paisagem psicológica. Cidade encravada no chamado polígono das secas, situada na outrora zona do cangaço, com uma população sujeita a mil vicissitudes, Santana tem tido em seus doidos, quase todos pacíficos, elementos desopilantes do tédio que poderia, mais cedo ou mais tarde, amofinar a fibra de sua gente na luta contra as intempéries.

Como já frisamos nestas crônicas, os santanenses têm visto bandas de música em sua terra, teatro, bons carnavais, cavalhadas, quilombos, reisados e outras diversões; mas tudo isso em épocas apropriadas ou, como no caso do cinema, em caráter mais ou menos instável. A diversão contínua, ininterrupta, constante mesmo são os doidos que transitam pelas ruas da cidade.

            E é mesmo preciosa diversão, pois, enquanto o sujeito ri daqueles disparates, fica com a mente vazia de preocupações capazes de levá-lo a atitudes mais ridículas que as dos malucos de sua terra.

            Entre os doidos que conheci em Santana, um ou dois eram furiosos; dois ou três, simplesmente ridículos. Alguns, porém, tinham às vezes, atitudes de quase lucidez que nos davam ganas de gritar: “Você é doido! Você não sabe o que está fazendo!” Mas, logo depois, a segunda atitude do louco era mesmo de gente maluca. E, aí, já estávamos rindo do doido e de nós mesmos.

             Caso 1

            Eu não conheci Zé Calangro. Foi, porém, o doido mais antigo de que tive notícia. De onde veio não me disseram. Sei que chegou a Santana durante a última do passado ou a primeira década do século atual. Andava pelas ruas da vila ou encostado aos balcões das bodegas, almoçando aqui, jantando ali, ceando acolá e dormindo onde a sorte permitia. Conhecia todas as pessoas da vila, de ricos a pobres, de velhos a crianças. Parecia considerar tudo aquilo sua própria família e, por isso, suspeitava de todos os forasteiros. Distinguia, a distância e imediatamente, qualquer recém chegado, viesse este com a cara que viesse. Quando Zé Calangro farejava o sujeito, descobria-o onde estivesse, aproximava-se devagarinho, batia-lhe no ombro amigavelmente e, quando a pessoas se voltava àquele toque, ele dizia calmamente, mas com força de expressão:

            - Desgraça só quer o princípio!
              E saia sem dar mais atenção ao intruso.
            Não me contaram o fim de Zé Calangro. Talvez tenha morrido, ou, como outros colegas, fugido para rumos ignorados.

Caso 2

            Cadete e Seu Rocha formam a parelha de dois de minhas mais remotas recordações.

            De Cadete coisa pouca me ficou na lembrança: que era meio quarentão, gostava de usar bodoque, zangava-se facilmente e valia-se das pedras contra os meninos e rapazolas que o fustigavam com provocações. Não sei a razão de o chamarem de “Cadete”, não lhe sei o verdadeiro nome como desconheço também o seu fim. Sei, porém, ter sido um doido que, durante tempos, constituiu uma atração na vida santanense.

            Já de Seu Rocha as recordações estão bem vivas.
            Pertencente à família de maior projeção econômica, política e social da terra, o tio do futuro escritor de “João Urso” e “Cogumelo” vivia fardado de polícia militar, platina cheia de galões e acompanhando pari-passu as promoções de José Lucena Maranhão. Se o Lucena era tenente, Seu Rocha não poderia ser outra coisa: Tenente Rocha, Capitão Lucena, Capitão Rocha, Major Lucena, Major Rocha. E não chegou a tenente-coronel, porque morreu antes do Major Lucena obter nova promoção.

            Quem o quisesse como amigo, não lhe calasse o posto. Se, depois de “promovido” a capitão, alguém, de propósito, se aproximava e dizia: “Como vai Tenente Rocha?”, imediatamente vinha a resposta: “Tenente é a sua mãe, filho de uma p...!”

            Constava que Seu Rocha, somente à força, obrigado pela família lavava as mãos ou os pés. Devido sem dúvida a esse estado de imundície, os “foliões” chamavam-no de “Ferruge”. E, quando o tratavam pelo apelido ou o rebaixavam de posto, a pedra cantava no meio da rua.

Tardes havia em que se juntavam rapazes e até homens de idade, pais de família, a bolirem com Seu Rocha. O doido exasperado no meio da rua, as mãos cheias de pedras, e aquela porção de homens, amparados nos portais dos bilhares e casas comerciais, a gritar: “Ferruuu-ge! Ferruuu-ge!"" Quando a pedra vinha puxavam a cabeça e se ocultavam por trás das paredes. E a diversão continuava.

Fora desses momentos, Seu Rocha era um doido manso, mascando fumo e conversando sozinho pelo meio da rua. Morreu em cima de uma cama, obrando-se todo, este que poderia chamar-se “Comandante dos doidos”, embora sem ter podido chegar a tenente-coronel junto com José Lucena Maranhão.

Caso 3

Firmino era um doido manso. Suponho fosse mesmo filho de Santana. Morava lá para a Rua da Camuxinga e, quando aparecia no centro da cidade, era a mandado de alguém ou em busca. de algum serviço, geralmente recados ou assuntos que não exigissem muito esforço físico. Algumas vezes andava com um cacetinho à guisa de bengala; outras, aparecia de mãos limpas. O seu lado humorístico era a réplica e a teimosia. Fosse quem fosse a pessoa que o “provocasse”, desde os moleques de rua ao vigário ou ao comandante da força local, as respostas seriam sempre as mesmas.

- Venha cá, seu doido!
- Doido é você!
- Senvergonha!
- Senvergonha é você!
- Filho de uma égua!
- É você!
 - Ladrão!
 - É você!
 - Bandido!
 - É você!

Não havia tamanho de ameaça que o fizesse engolir a “pílula” calado: o É você! Sairia sempre à queima roupa. E, se o insultante lhe tomava o braço e o torcia um pouco, começava ele a sorrir e querer gritar o coma dor, mas smepre dizendo: É você! Tive oportunidade de ver o doido chorar com a malvadez de alguns brincalhões, mas sempre repetindo: É você! Vingança física, porém, nunca o vi tomar contra pessoa alguma.

            Não sei se o Firmino morreu ou se ainda “vive”. Sei que foi ele um dos doidos mais interessantes que Santana já viu.


Caso 4

Vitor era outro doido manso que vivia nas ruas santanenses. Chegou ali também como forasteiro. Sua vida era fazer mandados para grandes e pequenos. Botinas velhas nos pés, muitas vezes o fundilho rasgado, roupa suja ou esfarrapada, Vítor jamais foi encontrado sem uma gravata velha no pescoço. Poderia ser chamado “o doido de gravata”. Não se lhe conhece uma proeza sequer. Ultimamente virou andarilho. Vi-o em Mata Grande, comendo os pirões do escrivão da coletoria federal a troco de pequenos serviços; vi-o, pouco depois, em Santana do Ipanema e encontrei-o em seguida nas ruas de Palmeira dos Índios. Vítor era desses doidos que às vezes parecem pensar melhor do que muita “gente de juízo”.

Caso 5

 Já não ocorria o mesmo com Zé Doidinho. Santanense da gema, criado a beber água do Ipanema todo santo dia, filho, como eu, de pais pobres, José nasceu no mesmo ano em que nasci e deu os primeiros passos na mesma rua em que ensaiei as primeiras correrias. Nossas famílias muito se uniam em suas relações sociais. Logicamente teríamos de seguir o mesmo ou quase o mesmo caminho na vida. José, porém, maluqueceu primeiro do que eu, que, por condescendência do Destino, ainda cela de hospício não conheço, embora tenha visitado algumas que ele morreu ignorando.

Desde pequeno José se tornou uma inquietação para seus pais, João e Benedita Gabriel, que achavam aquele filho com ares de maluco. Dos seis para os sete anos de idade, já ninguém tinha dúvidas de sua insanidade mental. Não quis saber de escola nem tampouco de brincadeiras com outras crianças, mesmo que fossem os próprios irmãos. Todo o seu vocabulário talvez não fosse além de 200 palavras. Cresceu assim, isolado de tudo e de todos.

Molecão já feito, a crise apertou o cinto de nossas famílias, mas o cinturão de Zé Doidinho não aguentou o arroxo. Deu para entrar bodegas meio desconfiado e ficar em pé junto à parede. Quando o dono do negócio dava as costas para apanhar uma caixa de fósforos, Zé Doidinho agarrava o que encontrasse no balcão, bananas, rapadura ou carne-de-sol, e saía em disparada pelo meio da rua. Prevenidos, os bodegueiros começaram a proibir-lhe a entrada nos estabelecimentos. Ele não se deu por achado. “Raciocinou”, traçou seus planos e começou a agir. Ficava escondido em uma esquina., numa porta ou atrás de um poste, local distante, mas de onde “controlasse” os movimentos do bodegueiro. E, quando este voltava com um objeto apanhado na prateleira para entregar a determinado freguês, já via Zé Doidinho saindo veloz como um beija-flor e levando consigo mais um troféu de suas aventuras. E à proporção que os bodegueiros se foram acautelando, Zé Doidinho foi também transferindo o campo da ação para o açougue público e para as mesas de rapaduras ou de frutas, nas duas feiras semanais da cidade. A “tática” continuou a mesma. Alguns “roubados” o perseguiam, mas ninguém conseguia alcançá-lo – Zé Doidinho tinha uma resistência de cavalo: corria teso, sem vergar a espinha nem movimentar os braços, mas era veloz e não pararia nunca, se o perseguidor insistisse na caçada.

Zé Doidinho e suas aventuras constituíram durante alguns anos uma diversão para os santanenses. Certa ocasião, porém, a “lua” apertou, e ele correu em trajes de Adão pelo meio da rua. Houve ainda tentativas da família para evitar o último remédio. A mãe, porém, viúva de há muitos anos, resolvera dar padrasto ao doido: suportaram-lhe pouco as “luas” fortes, e Zé Doidinho foi mandado a Maceió e internado no “Santa Leopoldina”. Aí morreu em 1950, com 35 anos de idade e de aventuras quase todas coroadas do merecido êxito.

Caso 6

Nunca soube de onde veio o doido que chamavam de “Barulho”. A primeira vez que o vi foi no meio da rua, vindo ele acompanhado de meninos, como um palhaço “Perna de Pau”, os meninos gritando:
- Barulho, Barulho!

No começo, Barulho não se incomodava com o grito dos meninos nem dos molecotes de mais de 18 anos. Andava calado, e a gritaria atrás. Quando não se via acompanhado, parecia sentir falta do préstito (até os doidos) e ele mesmo gritava:

- Baruio, Baruio
Quem bole com doido só se satisfaz, porém, quando consegue enfurecê-lo, sejam quais foram as consequências da brincadeira. Parece que a rapaziada foi além dos gritos, com alguns beliscões ou coisa que o valha. O certo é que, de quando em quando, Barulho era visto armado de pedaços de tijolos e ameaçando Deus e o mundo. Mas, fora desses momentos de azucrinação, Barulho não correspondia ao nome que carregava. Teimava em ser doido manso. E, quando afrouxava a gritaria, ele não jogava fora o pedaço de tijolo: sumia com ele ninguém atinava para onde.

Certa feita Barulho, foi encontrado com um braçado de pedaços de tijolos. Os meninos o acompanhavam gritando. Ele não lhes deu atenção. Os meninos prosseguiram, chegaram à Rua da Matança, viram Barulho descer a estrada para os lados da camoxinga e, um pouco adiante, juntar os pedaços de tijolos ao monte que já vinha fazendo sem ninguém perceber. A cidade em peso soube da nova: “Barulho está fazendo uma casa!” Dias após, um pedreiro santanense era mandado a construir a casinha do doido. Depois de pronta, não ia além de uma espécie de quarto de orações, onde o doido passou a viver com o conforto que desejara. Mas, os santanenses que ajudaram Barulho a construir a casa esqueceram de casa sem porta e fechadura não é casa.

E um dia Barulho foi encontrado morto, barbaramente assassinado a punhal. Foi uma verdadeira fúria de sadista, porque aquele doido não incomodava a pessoa alguma. Pela morte de Barulho tinha de ser alguém preso e sentenciado. A sociedade não se conformava com aquela crueldade monstruosa. E Zé Curau foi hóspede da penitenciária e comeu cadeia uma porção de tempo. Enquanto isso o tenente Porfírio, criminoso nato, vampiro de virgindades, sádico inveterado, ficou flanando até o dia em que, um pouco mais no alto, no meio da Rua da Camoxinga, certeiras balas de dois “38” vingavam a morte do doido de casinha.



Caso 7

Doido e folião de carnaval são dois sujeitos muito parecidos. O folião é um doido provisório, que, nos três dias de “lua”, faz mais proezas que um doido efetivo, durante o ano inteiro. Os pontos de semelhança são inúmeros, e quase esta semelhança é perfeita. Como acontece com o Carnaval, há doidos de rua e doidos cujas diversões não eram vistas portas afora de suas casas. Como no carnaval, citaremos aqui somente os doidos conhecidos nas ruas santanenses. Findaremos, pois, a nossa crônica a falar de mais um doido de rua, já que os domésticos pouco entreteriam o interesse dos leitores.

Sem nenhum exagero, Agissé pode ser considerado o príncipe dos doidos santanenses. De origem quase real, corria-lhe nas veias o sangue azul de Seu Rocha, de quem era legal sucessor e sobrinho em segundo ou terceiro grau. O pai, Antides Feitosa, de quem já falei nestas crônicas, foi dos homens mais inteligentes que já pisaram a terra de Senhora Santana, e, não fora a insanidade de todos os filhos, suponho ainda hoje viveria por ali, e muito a minha terra lhe estivesse a dever. Hermínia Rocha, esposa de Antides, era das pessoas mais admiradas em Santana, pela sua honestidade, pela inteligência de verdadeiro artista e, principalmente, pela coragem e resignação com que soube lutar contra os reveses do Destino. Pois foi desse casal, como também ficou dito, que nasceu Agissé, nasceu Berenice, nasceu Poni e nasceu Labibe – todos quatro débeis mentais, mas em grau decrescente:

Agissé > Berenice > Poni > Labibe

O mais doido era Agissé; Berenice era amalucada; Poni, imbecil; Labibe, simplesmente “alvoroçada”. Parecia haver purificação de um para outro parto de Hermínia. Se Antides Feitosa houvesse perseverado, possivelmente chegaria a ter de Hermínia um filho normal, capaz de substituí-lo com alguma exatidão.

Mas, falemos de Agissé e deixemos de lado os que não podem figurar nesta crônica.

Agissé me parece a síntese de todos os doidos de que já falei. Como Zé Calangro, era um curioso em saber quem eram determinadas pessoas que ele nunca vira. De Seu Rocha herdara não somente o sangue, mas a revolta contra os que o fustigavam com chacotas e apelidos – zangado, sabia Agissé, como Cadete e Barulho, atirar muito bem uma pedra e errar o alvo. De Firmino possuía um pouco de réplica, se bem que cedendo ao menor aperto recebido. Mas, se ninguém o incomodava ou insultava, ele era um Vítor manso e prestativo, embora mais interesseiro nas gratificações pelo que fazia. A principal qualidade de Agissé residia, porém, na sagacidade bem mais acentuada que a de Zé Doidinho.

Doido congênito, logo cedo os pais se desiludiram de sua sanidade mental. E a mãe – sempre as mães - jogou aos ombros a sua primeira cruz. Hermínia sabia que o filho jamais se tornaria equilibrado, mas queria evitar-lhe as proezas. Já rapagote, Agissé recebia da mãe sérios castigos corporais, mas, de maneira alguma, se corrigia (pudera). Volta e meia, estava na rua, a fazer as dele. O seu fraco eram as procissões e os enterros. Era ele quem saía à frente de todas as procissões, a campa na mão, a soar rua em fora: Dilim! Dilim! Dilim! Nos enterros, ia à frente, a tampa do caixãozinho debaixo do braço (se o morto era criança) ou simplesmente a falar e gesticular (se o sepultamento era de pessoa adulta).

Pondo de parte certos atos deselegantes, Agissé tinha, às vezes, atitudes que faziam a gente das gostosas gargalhadas.
Contam, por exemplo, que, certa feita, o Coronel Lucena, então comandante do 2º batalhão, recebeu ou comprou um balaio de pinhas grandes, bonitas e maduras. Procurando portador para levá-las à casa, só encontrou Agissé. Encontrou-lhe o cesto, deu-lhe antecipadamente uns níqueis e ficou tranquilo.

Na hora do almoço, o Coronel pediu as pinhas e obteve a resposta de que nenhuma havia chegado. Encontrando-se depois com o doido, Lucena indagou:

- Vem cá, Agissé! Cadê as minhas pinhas?
Agissé olhou-o seriamente e respondeu:
- Que história de pinhas é essa?
- As pinhas que mandei você levar lá em casa e lhe paguei logo o trabalho!
O doido ficou alguns instantes calado. Depois bateu na testa com a mão, como se surpreendido com a lembrança do fato, e exclamou:
- Mas, sim senhor! Que cabecinha esta minha! Pois eu não comi as pinhas do Coronel!




"Crônica extraída do livro “Fruta de Palma”, do escritor santanense Oscar Silva (1915-1991). 2ª edição publicada em 1990. Publicação original em 1953.” Transcrição João Neto Felix Mendes.

Comentários

  1. já li sobre a vida do "Paraíba", como era chamado em Toledo-PR. incrível um homem desses.

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  2. ainda havia, também Garapa, e no meu tempo Propício doido.

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    1. Dos doidos de Santana, conheci Propício e Justino.

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